Termina em confusão participação de Sergio Moro na Câmara

Foto: Gabriela Biló/Estadão

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, participou de uma sessão conjunta de comissões na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (02).

Moro aceitou um convite do grupo de comissões para explicar as mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil, que mostra conversas entre o então juiz e procuradores do Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR), integrantes da Operação Lava Jato.

Em sua fala inicial, o ministro reclamou da forma com que o site tem divulgado as mensagens, sobre a demora em tornar público a integralidade do material e disse que não existiu “nenhuma espécie de conluio” entre ele e membros do MPF-PR. Moro manteve o discurso sobre os hackers, lembrou que tem uma investigação sobre os supostos ataques, informou que entregou o seu celular para perícia anteriormente e que deixou o aplicativo de mensagens Telegram, em 2017.

Levantou a possibilidade de “alguém com muito dinheiro” estar financiando os ataques com o intuito de anular condenações e parar investigações futuras. Ainda afirmou ter uma suspeita de que por trás dos ataques cibernéticos está alguém que ainda não foi atingido pela Operação Lava Jato.

Moro mostrou números da Operação Lava Jato, a taxa de absolvição, divergências com o MPF-PR e a confirmação das suas sentenças por instâncias superiores.

O ministro disse que “é reprovável o site ter publicado (o material) sem um contato prévio” e falou sobre uma suposta deturpação dos contextos. Repetiu que o site The Intercept Brasil usa de sensacionalismo.

Sobre as mensagens, disse que algumas podem ser dele, que podem ter sido adulteradas parcialmente ou integralmente, mas que “categoricamente foram obtidas de modo ilegal”.

Falou do contato que existe entre juízes, procuradores e advogados. Repetiu a todo momento que sempre agiu com correção.

Moro falou sobre sua recente viagem aos Estados Unidos, disse que visitou o FBI para conhecer métodos de combate à ataques cibernéticos.

A base aliada do governo Jair Bolsonaro enalteceu o trabalho do então juiz e hoje ministro, acompanhou o seu discurso e atacou a veracidade das mensagens divulgadas pelo site e outros veículos de comunicação. Atacaram o jornalista Glenn Greenwald e os supostos hackers que teriam invadido celulares de autoridades. Ainda acusaram a oposição de uma tentativa de parar o combate a corrupção.

Um ponto alto da participação da base aliada foi quando o deputado Boca Aberta (PROS-PR) disse que o ex-juiz é “equivalente a Champions League”, referência ao torneio europeu de futebol. O que na verdade queria dizer o parlamentar, é que Moro mereceria um prêmio como o troféu futebolístico. O deputado entregou uma cópia do troféu ao ministro, que constrangido o cumprimentou.

Teve até declaração de amor.

A oposição falou sobre a história do jornalista Glenn Greenwald, sobre a proteção da fonte resguardada pela Constituição, liberdade de imprensa, pedidos de CPI e afastamento.

Pela oportunidade de estar frente a frente com o ex-juiz, o Partido dos Trabalhadores e alguns aliados apostaram no “Lula Livre”. Falaram sobre a condução coercitiva, o processo do tríplex, o grampo e a divulgação de uma conversa entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A oposição informou um convite feito ao procurador Deltan Dallagnoll para participar de uma sessão na Câmara e explicar as mensagens divulgadas pelo site e outros veículo de comunicação.

A sessão quase foi encerrada, quando um deputado de oposição fez acusações ao ministro e uma confusão cheia de palavrões se estabeleceu. A sessão foi chamada de “Escolinha do Professor Raimundo”.

Deputados apresentaram requerimentos para que o ministro autorizasse a quebra dos seus sigilos, que não foi assinado.

Um áudio sobre a fala do ministro na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, na semana passada, foi reproduzida no microfone por um deputado de oposição, o que gerou uma discussão e pedidos de questão de ordem.

O ministro Moro exaltou a todo o momento a Operação Lava Jato e foi acusado de usá-la como escudo.

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) disse que o “juiz entrará para a história como um juiz ladrão”. Em meio a mais uma confusão generalizada e gritos de “ladrão”, a sessão foi encerrada.

Minutos depois houve uma tentativa de recomeço, mas sob gritos de “fujão”, o ministro Moro deixou o local.

“E as explicações, ó!”

2 Comentário

  1. O bando de canalhas da oposição aproveitaram para surfar na onda , pois quando o Ministro era Juiz , morriam de medo . Não possuem dignidade para sequer estarem ali .

  2. Exato Rubens! a esquerda golpista hoje surfa no execrável “foro privilegiado”!
    Moro:
    “Pode ficar com meu Foro Privilegiado, não faço parte de organização criminosa”.

    Leandro Ruschel:
    “Quer saber como fica um petista sem receber propina por um bom tempo? Vermelhos e babando. Só dar uma olhada na CCJ da Câmara, onde eles apresentam diversos ataques epiléticos sequenciais diante de Moro, o homem que desmantelou sua quadrilha.
    O que acontece quando você não cassa registro de uma quadrilha disfarçada de partido e deixa de colocar na cadeia TODOS os seus integrantes que cometeram crimes? Simples, a quadrilha usa os seus recursos para perseguir quem acabou com seus esquemas. É o que ocorre com Moro hoje.”

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