🎅 Hohoho, Feliz Natal!

Minha lembrança afetiva do Natal remonta meio século. No apartamento de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde nasci, ou na casa de Ipanema, em Porto Alegre, onde vivi maior parte da minha infância e adolescência.

Sempre em família, muita gente, comida, presentes, brincadeiras, boas risadas. Felicidade, afeto, amor.

Acreditava no Papai Noel, desacreditando. Sabia que minha mãe escondia os presentes em cima do armário e que ele usava um sapato branco de salto – aquele estilo anos 70 -, igual o que minha irmã adolescente usava. Mas não ousava contestar a existência do bom velhinho, até com medo de possíveis retaliações. “Se você duvidar ele não traz presente”, ouvia dos mais velhos.

Curiosamente, aqui abro um parentes, hoje aplico a mesma técnica com meus dois filhos pequenos. Descobriram na dispensa da casa algumas pistas e tive que ser duro, ameaçador, usando a mesma técnica que usavam comigo. “Mas pai, aquele foi um dos presentes que pedi”, me disse o Dudu, enquanto eu dava uma desculpa esfarrapada que não convence ninguém, muito menos uma criança que anda com um calendário de papel embaixo do braço para contar os dias para a chegada do Bom Velhinho, quer dizer, do Natal.

Gosto muito do Natal. Sou, como minha família, católico, mas nunca praticamos. Eu, particularmente, sou agnóstico, que diferentemente de um ateu, acredita que existe um Deus, tem fé, mas relativiza sua existência. Entendo que a civilização se construiu no tempo através da linguística e nada foi mais forte do que a religião, que durante muito tempo, muito mesmo, se construiu como estrutura de organização e poder.

Então, assim como milhões de pessoas, não celebro o nascimento de Jesus, que tem tudo para ter sido um cara legal, muito a frente daquela época que a civilização engatinhava. Imagino que, se eu vivesse na época dele, estaria ao seu lado.

Mas, apesar do parabéns para Jesus, o sentimento que esta data exala diz respeito ao Papai Noel. Ele é encarnado pelo personagem que conhecemos desde a década de 1881, a partir de uma foto, numa revista americana, mas ganhou o planeta a partir de 1930, no estereotipo criado pela multinacional Coca-Cola para o inverno americano e europeu, mas que fez sucesso no Brasil Tropical.

Mas o espírito – aí que quero chegar com este texto – tem a ver com  um homem que ganhou título de santo, São Nicolau, um bispo católico do século IV que viveu na cidade de Mira, onde atualmente é a Turquia. Ele era um homem bondoso que presenteava as crianças no dia de seu aniversário, 6 de dezembro. O legítimo gente boa!

A celebração do dia 25  tem origem anterior e só passou a ser associada ao cristianismo apenas no século IV.

Por isso, prefiro celebrar a mensagem de São Nicolau. Bondade. Empatia. Preocupação com o outro. Cuidado. Solidariedade. Afeto.

Que cada um que está lendo estas palavras passe bem o Natal e os dias antes e depois. Curtam, divirtam-se, relaxem, desarmem-se, sejam felizes com os seus.

É o desejo do Informe Blumenau!

Alexandre Gonçalves, editor-chefe do Informe Blumenau

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