A Câmara dos Deputados concluiu nesta terça-feira, dia 17, a votação da proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tem como objetivo promover mais uma reforma eleitoral. Entre as mudanças estava o ‘Distritão’, um sistema eleitoral pelo qual são eleitos os candidatos mais votados e que no meu ponto de vista enfraquece a democracia em especial as candidaturas femininas, além de dificultar a renovação na política.
Porém, por um acordo feito entre os partidos o ‘Distritão’ foi retirado da PEC, mas com o acerto de acrescentar nele a volta das coligações partidárias nas votações proporcionais, modelo esse que une diversos partidos e com a quantidade de votos que cada um dos candidatos dessa aliança fez, soma-se e divide-se pelo quociente eleitoral. Com a medida aprovada em segunda votação pelos deputados, a proposta segue agora para análise no Senado.
Em 2017 o Congresso já havia votado pelo fim das coligações. A Câmara novamente deu as cartas e numa tentativa de minimizar a raiva da população fingiu, na época, adotar uma reforma que não cortou da própria pele. Jogou a bomba no colo dos legislativos municipais fazendo a mudança valer a partir da eleição de 2020. Falando bem o português dos bastidores da política, após verem a dificuldade que foi para construir partido e candidaturas no ano passado não querem se submeter a dúvida da reeleição.
Experiência própria
Eu tive a experiência de participar de duas eleições municipais. Uma no sistema das coligações em 2016 e outra com o fim delas, em 2020 e, embora muito mais fácil ganhar uma eleição no modelo com as coligações nas proporcionais, sou contra a volta dele.
Em 2016 nosso partido esteve coligado com outro. Na prática as duas siglas não tinham e nem tem praticamente nenhuma afinidade. A aliança foi, de fato, puramente buscar eleger os candidatos daquela chapa. Nós tínhamos um candidato disputando a majoritária e cerca de 16 candidatos concorrendo a vaga de vereador. Na época para eleger o primeiro vereador tínhamos que conseguir somar aproximadamente 2500 votos. Elegemos apenas um.
Já em 2020 não tínhamos candidato a prefeito, apoiamos um candidato de outro partido e por falta de organização e também de interesse da população em concorrer e disputar uma eleição, registramos apenas quatro candidaturas para o legislativo. Ou seja, quatro candidatos juntos – do mesmo partido – para fazer uma média de 2600 votos e garantir uma vaga daquele partido/grupo.
Olhando assim parece que não mudou muita coisa, afinal, nessa história as duas opções conseguiram eleger um parlamentar, mas a diferença está nas entrelinhas, na dificuldade dos partidos, principalmente os nanicos e sem história, caminhar com as próprias pernas.
A volta das coligações é um prato cheio para negociatas, troca de interesses, alianças sem afinidade, novos partidos sem ideologias; os famosos partidos de aluguel. Para mudar de verdade o interessante era acabar com a coligação também na majoritária. Aí a população pararia de jogar na cara quando vê oito partidos pendurados no mesmo candidato, por exemplo. Ou tu nunca ouviu um “quero só ver teta pra isso tudo depois”? Já é de praxe.
Partido hoje no Brasil é empresa, é negócio, mas pra mim a política não deveria ser tratada dessa forma. Na torcida para que o Senado reconsidere e rejeite a proposta. Afinal, que “reforma eleitoral” é essa e quem ela atende?
Seja o primeiro a comentar