Saiba o que prevê a nova versão do senador Renan Calheiros para o relatório da CPI da Covid

Foto: Sergio Lima/Reprodução

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), preparou uma nova versão do parecer final que será apresentado nesta quarta-feira, 20. Ele ampliou o número de pessoas e empresas que serão acusados de cometer crimes na pandemia.

A mais nova versão do relatório começou a ser enviada na noite de segunda, 18, aos senadores. No início da sessão desta terça-feira, 19, da comissão, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) já antecipou que fará recomendações.

“Já de antemão vou dar umas sugestões ao relator em relação ao Amazonas, que é o meu estado. Tem que haver… Houve uma CPI lá. Essa CPI não indiciou o governador, e depois o governador se torna réu aqui, senador Marcos Rogério. Nós temos que saber por que o relator não indiciou o governador, correto? Por que a omissão do relator nisso, senador Renan?”, indagou Aziz.

Renan Calheiros enfatizou mais uma vez que o relatório final vai refletir o pensamento da maioria da comissão e que está aberto a sugestões.

“Da minha parte, presidente Omar, da minha parte eu estou completamente aberto à colaboração e à materialização de todas as orientações dos companheiros. O meu propósito é o mesmo, é o de sempre. Eu quero colaborar e eu não quero colocar nada nesse relatório que não signifique o pensamento da maioria da CPI”, disse Renan Calheiros.

A minuta do relatório, que ainda pode sofrer mudanças até esta quarta-feira, tem mais de 1,1 mil páginas.

Como o Jornal Nacional antecipou na semana passada, o relator afirma que o governo federal foi omisso e optou por agir de forma não técnica e desidiosa, negligente, no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, expondo deliberadamente a população a risco concreto de infecção em massa.

“O governo manteve um gabinete paralelo para dar suporte a medidas na área de saúde contra as evidências científicas, trabalhou com a intenção de imunizar a população por meio de contaminação natural, a chamada imunidade de rebanho, priorizou o tratamento precoce sem amparo científico de eficácia, agiu contra a adoção de medidas não farmacológicas, como o distanciamento social e o uso de máscaras, e, deliberadamente, atuou para atrasar a compra de vacinas, em evidente descaso com a vida dos brasileiros”, diz o texto.

Com esse raio-X dos comportamentos e atitudes durante a pandemia, Renan Calheiros indica terem sido cometidos 24 crimes diferentes, entre os quais homicídio, crimes contra a humanidade, genocídio de indígenas, corrupção, fraude em licitação, prevaricação e falsificação de documentos.

O relatório deve recomendar que 69 pessoas sejam indiciadas, além de duas empresas, a Precisa Medicamentos, envolvida na suspeita de corrupção na venda da vacina Covaxin ao governo federal, e a VTCLog.

O relator da CPI deve pedir o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro por 11 crimes, entre os quais genocídio de indígenas, ponto em relação ao qual não há consenso no G7, grupo majoritário na comissão.

Na minuta atual, Renan Calheiros afirma que o governo Bolsonaro, “deixando o vírus agir, propagando a segurança ilusória de um tratamento precoce, instigando invasores e recusando-se a proteger, produziu morte e sofrimento à distância aos povos indígenas”.

O relator deve pedir também o indiciamento de três filhos do presidente: o senador Flávio Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro;

Quatro ministros: Marcelo Queiroga, Onyx Lorenzoni, Wagner Rosário e Braga Neto, que não estava entre os indiciados nas primeiras versões do relatório;

Dois ex-ministros: Ernesto Araújo e Eduardo Pazuello;

Seis deputados: o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, Osmar Terra, Carla Zambelli, Bia Kicis, Carlos Jordy e Hélio Lopes;

Pessoas apontadas como integrantes do gabinete paralelo, como os empresários Luciano Hang, Otávio Fakhoury e Carlos Wizard, a médica Nise Yamaguchi e o virologista Paolo Zanotto.

Na noite desta terça, senadores do G7 discutiam ponto a ponto o relatório. O documento final será lido na CPI na manhã desta quarta.

O que dizem os citados

A assessoria do Palácio do Planalto não se manifestou.

Flávio Bolsonaro afirmou que as acusações contra ele e o governo não têm base jurídica e não fazem sentido.

Carlos Jordy e Luciano Hang declararam que a CPI é amparada em narrativas e não em fatos.

Carla Zambelli acusou Renan Calheiros de antecipar o relatório e disse que ingressou com um ação no Supremo para ser ouvida.

A defesa de Carlos Wizard reafirmou que o empresário não definiu políticas do governo e que, por isso, não pode ser responsabilizado por epidemia culposa.

Nise Yamaguchi disse que vai se manifestar depois da leitura oficial do relatório.

O Ministério da Saúde informou que não foi notificado sobre a presença do nome do ministro Marcelo Queiroga no relatório.

Ricardo Barros declarou que todos os depoentes ouvidos na CPI, sem exceção, isentaram-no de envolvimento no caso da Covaxin. E que a CPI não pode ignorar o fato de que a investigação negou as suspeitas.

Bia Kicis não quis se manifestar.

A TV Globo não conseguiu contato com Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro. Também procurou as outras autoridades e ex-integrantes do governo que devem constar no relatório da CPI, mas não obteve resposta.

Fonte: G1

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*