Opinião: e tudo mudou

Foto: reprodução

O autismo entrou em nossa casa em 2010, de lá pra cá, vivi muita coisa que sequer sonhava.

Aprendi muito, li muito, chorei muito, fui amparada muitas vezes, em outras, fui eu quem amparou.

Em 2013, finalmente tive coragem de começar a escrever sobre como eu via o autismo, sobre como isso afetava a minha vida e a vida da minha família.

Hoje, olhando pra trás, percebo a nítida mudança que a escuta causou em mim.

O quanto mudei juntamente com meus textos, parar para ouvir autistas jovens e adultos foi o pivô desta transformação.

Estar convivendo com eles semanalmente no Ágape só me mostra o quão pouco eu sabia e o quanto ainda tenho para aprender.

A Simone que achava que sabia muito sobre o autismo, deu lugar à Simone que sabe que sempre tem algo novo a aprender.

Os professores?
Cada um dos autistas que tem cruzado meu caminho.
Cada um deles carrega consigo lições preciosas que eu busco absorver com cuidado, carinho e atenção.

E cada dia eu tenho mais certeza do quão abençoada eu fui, por poder vir a esse mundo e gerar não um, mas dois filhos autistas que me permitiram aprender e crescer tanto.

Há algum tempo, li uma frase que faz muito sentido:

O meu eu de janeiro não reconhece o meu eu de Novembro.
Nada fez tanto sentido neste momento que estou vivendo.

Aprendi que os Stims acalmam, e que eu tenho os meus também.

Já me viram falando em público?
Se eu estiver numa cadeira giratória, não consigo não girar pra lá e pra cá. Esse é meu stim.
Se eu posso ter, por que eles não?

Aprendi que ouvir, respeitar e acolher é sempre a melhor alternativa.
Mesmo que não faça sentido pra mim.

E isso, podemos usar com todas as pessoas.
Todos nós estamos travando uma batalha imensa, todos os dias.

Você nunca sabe a dor que o outro carrega, então por que não tornar a jornada um pouco mais leve?

Sem julgamentos, sem querer impor a sua verdade.

Se importe, acolha e não julgue.

2 Comentário

  1. Amei a maneira leve e preciosista ao mesmo tempo que foi abordado, encantador.

  2. Maravilhoso!!! Todos temos nossos stims!!! E não, não sabemos nada, amiga!

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