Giovanni Ramos
Jornalista
Estamos há menos de um mês das eleições municipais e boa parte dos eleitores ainda não decidiu em quem vai votar. Em meio a uma crise política e econômica que atravessa o país, com uma presidente deposta, um ex-presidente da Câmara dos Deputados cassado e com pedido de prisão e mais centenas de envolvidos em escândalos de corrupção, é esperado que a população esteja com raiva da palavra política e muitos descontarão essa raiva votando contra o establishment político. A prova disso é o número alto de desistências de prefeitos para uma tentativa de reeleição.
Mas se por um lado, a população cobra, exige, discute sobre os candidatos a prefeito, a disputa proporcional, para as câmaras de vereadores acabam ficando em segundo plano. Por questões legais, a imprensa fica praticamente impedida de fazer uma cobertura para vereador de perto, pois teria que dar espaço igual para todos os candidatos, o que seria impossível. E o eleitor, que vem criticando a atuação de seus parlamentares (em qualquer cidade), afirmando que ganham salários altos para não fazer nada, anda contribuindo pouco para mudar esse quadro.
É comum nesse período do ano encontrar pessoas falando que “um vereador não serve para nada” ou que “vereador não deveria ter salário, pois quase não trabalha”. Essas frases é um misto de decepção com os legisladores atuais com a falta de informações sobre as funções e responsabilidades de um vereador.
Vereador não faz obra, vereador não arruma vaga na creche, nem antecipa consulta no posto de saúde.
O parlamentar deve ser um fiscalizador, não um agente do Executivo. A população sabe disso, mas muitos acabam escolhendo seus candidatos usando os critérios acima e esse é o maior perigo.
Um candidato a vereador que se elege prometendo resolver esses problemas corriqueiros dos eleitores (vaga na creche, atendimento em posto, troca de grelha de bueiro de esgoto) quando toma posse do cargo percebe que não possui poderes para atender as promessas que fez. Para resolver os problemas dos seus eleitores, ele negocia com agentes do Executivo, que fazem os serviços solicitados pelo vereador. Em troca do que? De votos para o governo em projetos polêmicos, de elogios ao prefeito(a) na tribuna da Câmara, e principalmente de deixar de fazer o seu verdadeiro trabalho: fiscalizar o trabalho do Executivo.
Essa troca de obras por uma fiscalização trouxa não é ilegal, mas é imoral. Não deixa de ser uma forma de corrupção, que é fomentada pelo próprio eleitor, que espera que o seu vereador seja um despachante pessoal na Prefeitura.
Para fazer reivindicações junto ao Executivo não é preciso pagar um cidadão (mais os seus assessores e outros gastos). Uma associação de moradores consegue fazer isso muito bem se for organizada. O vereador precisa ser alguém inteligente, capaz de ler as leis orçamentárias, propor soluções e principalmente fiscalizar a aplicação dos recursos públicos, que já são escassos nas cidades.
Eleitor que vota em candidato a vereador pensando em resolver apenas os seus problemas pessoais acaba elegendo um cidadão corruptível, que venderá seus votos e receberá um bom salário para fazer aquilo que poderia (e deveria) ser feito voluntariamente.
O mesmo eleitor reclamará daqui a quatro anos que os vereadores são ruins, fingindo que não possui culpa nenhuma da eleição deles.
Boa matéria, gostei.
Após efetuada leitura, proponho acabar com os vereadores para que se formem associações de moradores nas cidades, compactando os bairros que se interligam para formação das associações. Assim cada associação regionalizada, terá o seu líder escolhido democraticamente para que represente a comunidade com suas reivindicações de obras necessárias à sua região. Teríamos assim verdadeiros representantes do povo e não despachantes corrompendo ou corrompidos como nos dias de hoje. Quanto a remuneração, seria equiparado ao de um professor da rede municipal. Os gastos seriam menores e com a eficiência de uma fiscalização efetiva da comunidade, onde teríamos realmente uma transparência da aplicação do dinheiro público.
Eu não sinto culpa, não espero que vereador faça mais que sua obrigação que é fiscalizar o executivo e propor leis . Porém em Blumenau ficamos quase 4 anos assistindo 11 vereadores serem pinóquios do executivo, ao ponto do Presidente do Legislativo ser candidato a vice na chapa da atual situação .Não queira culpar a população , as pessoas que se candidatam é que não possuem a dignidade
necessária para serem vereadores , mas só deixam isto aflorar após eleitos .
Alguns até tentaram , mas perderam para a maioria que era base do governo .
Vereador não tem que ser oposição ou situação , vereador precisa ser atuação .
Precisamos urgente alterar as leis , pois até vereador investigado pelo MP esta tentando a reeleição , e o pior , haverá pessoas com um bom grau de instruçao irão votar nestes candidatos , e depois querem culpar o povo menos instruído ….
A culpa é dos eleitos , que após conseguirem sua meta (ser eleito), mudam todo seu discurso , mostram a verdadeira face .
Parabéns pela matéria. Só é uma pena que ela provavelmente não alcançará todos os eleitores que acreditam que os vereadores são seus despachantes. Só divirjo de seu ponto de vista quando afirma que troca de obras por uma fiscalização trouxa não é ilegal, mas é imoral. Penso que é ilegal sim (claro, se fosse devidamente comprovado, o que é utopia), pois é uma forma de corrupção, vez que agindo assim não estarão pautando o trabalho pelo que deveria ser, mas pelos interesses pessoais. Deixando isso de lado, sugiro aos que pensam em votar em algum dos candidatos que atualmente ocupam uma vaga no parlamento que assistam algumas sessões pessoalmente ou via internet. Recomendo pessoalmente, para conhecer melhor o comportamento do candidato como um todo, LÁ DENTRO. Vale a pena. Eu fiquei estupefato, tamanha é a incongruência do comportamento de alguns candidatos dentro e fora de plenário.