O governador Carlos Moisés relutou e demorou a se entregar a arte de se fazer política. Desconhecido, se elegeu num discurso de antipolítica surfando na onda 17, teve dificuldade em conversar com lideranças empresariais e partidárias nos dois primeiros anos de mandato, o que lhe custou desavenças gratuitas e quase o mandato, basta lembrar os dois processos de impeachment que sofreu e escapou por pouco.
Digeriu os recados e sinalizações e começou a compor com os partidos, o que fez seu Governo ressurgir das cinzas e chegar na reta final turbinado, com apoio de boa parte dos deputados estaduais e muitos prefeitos, com boas possibilidades eleitorais.
Sem partido, faltando pouco menos de 50 dias para o prazo de filiação para concorrer a reeleição, o destino de Carlos Moises ainda é uma incógnita. Ele sempre manifestou que não queria entrar numa sigla grande, das consideradas tradicionais, e namora com algumas pequenas, em especial Republicanos, Cidadania e até o AVANTE. Mas tem sido assediado pelos grandes partidos, em especial o MDB, e coloca na balança o peso de concorrer por uma sigla destas, com seus ônus e bônus.
Eu sou daqueles que entendo que o governador está perdendo tempo com esta indefinição, mas um interlocutor, com acesso ao núcleo que debate o futuro político com Moisés, me fez ver um outro lado.
“Quem tem pressa para definir é quem tem mandato”, referindo-se aos prefeitos de Florianópolis, Balneário Camboriú e Jaraguá do Sul, Gean Loureiro (UB), Fabrício de Oliveira (Podemos) e Antídio Lunelli (MDB). Eles precisam esvaziar as gavetas dos respectivos gabinetes até o final de março e precisam ter os cenários definidos, pois tem o peso da renúncia com apenas um ano e quatro meses de mandato na decisão a ser tomada. É uma decisão ainda mais complexa.
A bancada estadual do MDB já disse com todas as palavras que quer Moisés, mas já deu o recado que fica difícil para o partido apoiá-lo numa sigla pequena. O líder de Governo na Assembleia, Valdir Cobalchini, foi a surpresa na inscrição das prévias marcadas para o próximo dia 19 e se está na disputa é para guardar vaga para o governador.
Já os partidos menores sonham com Moisés, mas não concordam que ele assuma o controle e dê as cartas sozinho, buscam aparecer na foto das decisões futuras. Mas com estruturas com pouca capilaridade no estado, tem pouco a oferecer neste sentido.
Enfim, parece que Carlos Moisés aprendeu a arte de fazer política. Resta saber se tomará a decisão certa, o que só será conhecido com o resultado das urnas.
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