Santa Catarina registrou uma média de quatro agressões por hora em 2021, segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). No ano passado, foram 39.023 casos. Em 2022, até 14 de março, foram registrados 8.995 em 284 das 295 cidades catarinenses.
As agressões incluem pauladas, socos, pontapés ou tapas. Os números levam em conta os boletins de ocorrência em que houve o registro de lesão corporal dolosa – que tem intenção de colocar em risco a vida da vítima.
De acordo com os dados, Santa Catarina teve aumento de 13,43% na quantidade de casos nos últimos três anos. Em 2021, Florianópolis foi a cidade com mais registros: 2.767 agressões. Porém, ao comparar com 2020, Vargem, na Serra catarinense, é a cidade que teve o maior crescimento no número de casos: passou de quatro para 14, aumento de 250%.
Inclusive, todas as 10 cidades que tiveram aumento no número de agressões têm menos de 8 mil habitantes:
- Vargem (2.432 habitantes): 4 em 2020 para 14 em 2021, aumento de 250%
- Iomerê, no Oeste (2.962 habitantes): 5 em 2020 para 14 em 2021, aumento de 180%
- Braço do Trombudo, no Vale do Itajaí (3.769 habitantes): 4 em 2020 para 11 em 2021, aumento de 175%
- Praia Grande, no Sul (7.312 habitantes): 22 em 2020 para 59 em 2021, aumento de 168,18%
- Petrolândia, no Vale do Itajaí (5.905 habitantes): 8 em 2020 para 21 em 2021, aumento de 162,50%
- Rancho Queimado, na Grande Florianópolis (2.887 habitantes): 6 em 2020 para 14 em 2021, aumento de 133,33%
- União do Oeste, no Oeste (2.412 habitantes): 6 em 2020 para 13 em 2021, aumento de 116,67%
- Ponte Alta do Norte, na Serra (3.420 habitantes): 9 em 2020 para 19 em 2021, aumento de 111,11%
- Zortéa, no Oeste (3.398 habitantes): 13 em 2020 para 27 em 2021, aumento de107,69%
Já entre as cidades que apresentaram redução entre 2020 e 2021 estão Lajeado Grande, com 78,57%, São Miguel da Boa Vista, com 71,43%, e Brunópolis, com 70%. Todas ficam na região Oeste.
Violência e pandemia
Para o professor de Direito da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e especialista em segurança pública Alceu de Oliveira Pinto Júnior, um dos fatores que pode ter influenciado no aumento no número de agressão é a maior notificação de casos de violência doméstica.
“As agressões dentro do contexto da violência doméstica inflam esse número e existem algumas análises quanto a isso. Uma por conta do isolamento, que acabou acirrando determinadas agressões, e o aumento das notificações de violência doméstica. O que antes se entendia como natural, agora não é mais porque as pessoas têm mais informação”, afirmou o professor.
Ele também disse que a falta de sociabilidade causada pela pandemia também pode ser um fator no aumento do número de casos.
“É um momento que as pessoas estão mais agressivas ao sair desse isolamento. As pessoas ficaram mais antissociais e, agora, tem uma maior dificuldade de se comunicar com as outras. Essa tendência se torna ainda mais perigosa quando há o consumo de drogas ou álcool”, declarou o professor.
O Código Penal prevê para o crime de lesão corporal uma pena de três meses a um ano de detenção. Porém, ela pode aumentar em casos graves. Por exemplo, se a pessoa fica debilitada de um membro ou sentido, a pena pode chegar de um a cinco anos de reclusão.
Fonte: G1
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