A advogada e escritora Rosane Magaly Martins, representante da Associação Cultural Detalhe de Teatro e da ONG “Mães pela Diversidade” ocupou a tribuna livre, na sessão desta terça-feira, 17, para falar sobre o Dia Internacional Contra a Homofobia e sobre os preconceitos contra as pessoas LGBTQIA+. Iniciou seu pronunciamento ressaltando: “Não há cura para o que não há doença”.
Esclareceu que a data refere-se ao dia em que o termo “homossexualismo” passou a ser desconsiderado como doença pela Organização Mundial da Saúde em 1990. “Desde então a população LGBTQIA+ usa o dia 17 para reafirmar sua existência, lutar para sejam ouvidos, vistos, respeitados e tenham o direito de existir como qualquer cidadão comum”, asseverou.
Afirmou que era uma honra estar na Câmara nesse dia. Disse que era uma das mães e fundadoras da ONG em Blumenau “Mães pela Diversidade”, instalada no município no último dia 7 de maio. Explicou que era mãe de Jeanne, pessoa trans não-binária e citou as demais co-fundadoras da ONG, que estiveram ao lado dela na tribuna: Ivete Aguiar, cuidadora de pessoas idosas e mãe de Tiago, homem gay; Rosane Maria Martins, técnica de enfermagem e mãe de Clarisse, mulher lésbica e Maristela Pitz, professora, mãe de Stela, mulher bissexual. “Estamos aqui não só em nosso nome, mas em nome de todas as mães, avós, tias, irmãs e famílias de pessoas LGBTQIA+ que vivem em nossa cidade”.
Assegurou que uma pessoa transfóbica ou fundamentalista questionaria o que essas mães de famílias consideradas desestruturadas estariam fazendo na tribuna livre. Respondeu que estava ali para falar de coisas dolorosas que acontecem com os seus filhos e com os amigos de seus filhos todos os dias.
Apresentou dados do Observatório da Violência contra Pessoas LGBTQIA+, divulgados em 11 de maio. Enfatizou que o preconceito mata e que em 2021 foram 316 filhos assassinados, representando um aumento de 37% em relação a 2020. Destes, 145 eram gays e 141 travestis e transexuais; a maioria entre 20 e 39 anos mortos de maneira brutal: esfaqueados, espancados, enforcados, queimados e assassinados a tiros. Entre 2000 e 2021, segundo Rosane, foram 5.362 assassinatos no Brasil, resultado do preconceito e da intolerância de pessoas que não aceitam as pessoas LGBTQIA+. Disse que esses números refletem também o descaso das autoridades responsáveis pela criação de políticas capazes de conter os casos de violência.
“Para combater o ódio e o preconceito é que criamos em Blumenau o Núcleo de Blumenau da ONG nacional Mães pela Diversidade, que possui mais de 170 mil seguidores em redes sociais”. Comentou que no “pic-nic da Diversidade” a ONG recebeu o apoio de alguns parlamentares da Câmara e agradeceu o acolhimento dos vereadores Bruno Cunha (Cidadania), Cristiane Loureiro, Gisele Chirolli, Gilson de Souza e Roberto Morauer. “Muito obrigada. Hasteamos em Blumenau nossa bandeira: tire seu preconceito do caminho pois queremos passar com o nosso amor”.
Em seguida também a integrante da ONG, Maristela Pitz, agradeceu aos vereadores presentes no pic-nic e citou o nome deles. Disse que estava ali para falar sobre o amor, aquele amor que acolhe toda a diversidade e a pluralidade. “Pluralidade e diversidade são características dos seres humanos, assim como o amor e o acolhimento”, observou, assinalando que ninguém escolhe sofrer preconceito e que as diversas identidades de gênero estão aí desde que o mundo é mundo, tendo o direito de estar e de viver com a dignidade da pessoa humana.
“Que sejamos sempre acolhimento à todas as identidades de gênero e tenhamos mais comprometimento com o respeito e valorização das diferenças, que sejamos agentes de combate a qualquer tipo de discriminação e preconceito”.
Citou Dalai Lama e também o Novo Evangelho por duas vezes. Assinalou que em Mateus encontramos os dizeres de Jesus: “O que fizerem a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram”. Ainda em referência a Jesus Cristo citou as palavras do evangelista João: “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro. Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê”.
Finalizou agradecendo à Câmara a oportunidade do espaço e desejou que mais momentos de diálogo possam ocorrer a respeito da temática.
O que significa LGBTQIA+ ?