A primeira pesquisa de opinião presidencial foi feita por uma revista chamada “Literary Digest”. Em 1916, enviaram cartões postais para os leitores, pedindo para que respondessem em quem votariam. A estratégia deu certo e a revista acertou o resultado das quatro eleições seguintes. Entretanto, o perfil do eleitor mudou após a maior crise econômica dos Estados Unidos, em 1929. Como só quem podia comprar seus exemplares respondia a pesquisa, a “Literary Digest” errou: em 1936 foi reeleito o candidato dos mais pobres, Franklin Roosevelt, e a revista faliu pouco depois.
Fica a lição, a forma da pergunta influencia como ela é respondida. Porém, não se trata de má fé porque sem credibilidade não há como um instituto de pesquisa conseguir clientes. Portanto, apesar das diferenças de metodologia, os resultados divulgados são mesmo os obtidos.
O segundo turno é agora?
O site “PoderData360” disponibiliza as pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde o ano 2000. Dentre os dados dos últimos 30 dias, Lula ficou entre 50 e 35%, Bolsonaro entre 42 e 31% e Ciro de 14 a 5% dos votos. A variação demonstra como cada instituto tem seus próprios critérios, mas principalmente que a divisão normal no segundo turno já é realidade no primeiro. Pior para quem corre por fora, como define o humorista José Simão: “inflação chega a 12% e ultrapassa Ciro Gomes e a Terceira Via”.
Entre os que podem vencer, o medo é a divisão. Se Moro voltar ao pleito, isso tende a fragmentar os votos antipetistas, que estão concentrados em Bolsonaro. Do outro lado, o PDT pode desistir da candidatura própria, beneficiando o PT. O que era um boato ganhou ares de verdade após Ciro postar nas redes sociais, dia 11, que será candidato até o fim. Só algo excepcional faria ele ultrapassar os dois primeiros, mas seus votos podem definir o pleito. Se a eleição dos grandes está dependendo dos pequenos, com tantas pesquisas, falta os candidatos menores responderem: para qual lado vocês vão?
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