Os médicos Hamilton Rosendo Fogaça e Loriete Cunha, representantes da Sociedade de Pediatria do Vale do Itajaí, ocuparam a Tribuna Livre da Câmara para apresentar a Campanha de Prevenção de Intoxicação Digital em Crianças e Adolescentes. Dra. Loriete lembrou que o projeto começou em Blumenau e já se estendeu pelo estado e pelo país, tendo como slogan “ Mundo Real e Mundo Digital – o equilíbrio é o foco”. Ela relatou que após a pandemia, tem-se observado nos consultórios, postos de saúde e nas próprias casas, que devido a exposição prolongada às telas, as crianças têm apresentado diversos sintomas, podendo ser quadros mais ou menos graves, dependendo da faixa etária, especialmente no comportamento. Para a médica, “a intenção não é demonizar a tecnologia, mas que a gente possa servir de exemplo para os nossos pacientes, para os nossos filhos, usando-a de forma mais equilibrada”.
A campanha tem como base todos os profissionais que atuam com crianças, incluindo pais, familiares, cuidadores e as próprias crianças e adolescentes, porque atualmente uma mediação parental sobre o tempo de exposição às telas e ao próprio conteúdo deve ser feita em comum acordo. “Sempre orientamos no sentido de que as crianças sejam expostas às informações que são oferecidas pela campanha”, assinalou. Ao informar que o projeto foi lançado em Blumenau no dia 12 de março, a médica lembrou que o site da Sociedade de Pediatria disponibiliza todas as palestras realizadas por profissionais diretamente envolvidos com os problemas apresentados, como pediatra, psiquiatra infantil, psicólogo, oftalmologista e otorrinolaringologista, especialmente convidados para o evento. A entidade também está disponibilizando todo material para ser distribuído nas escolas, alertando sobre os malefícios do uso excessivo das telas.
Conforme declarou a profissional, as faixas de zero a 2 anos são as mais prejudicadas, e em muitos casos os sintomas podem ser confundidos com o autismo. Para a médica pediatra, “crianças de zero a 2 anos não devem ser expostas a nenhum tipo de tela – televisão, celular, tablet e que se use apenas de forma afetiva, ou seja, em vídeo chamadas”, exemplificou. Observou igualmente que o adolescente tem mais chances de ficar intoxicado.
Para o médico Hamilton Fogaça, “a campanha se baseia na preocupação com algumas situações clínicas em crianças diagnosticadas como tendo autismo ou outra patologia grave, mas na verdade estamos terceirizando as crianças para as telas”. Ele alertou para a importância do equilíbrio e reafirmou que a grande preocupação deve ser com as crianças pequenas. Frisando a gravidade da situação, Fogaça lembrou que muitas vezes é preciso uma equipe multidisciplinar para atender a criança, o que é dificultado pela carência na área da saúde pública. “Temos que pensar no futuro, crianças estão passando por doentes, mas apenas estão enfrentando problemas por uma situação a que são expostas”, completou.
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