Opinião | Todo mundo é filho da mãe

Foto: reprodução

A dupla Simone e Simaria anunciou sua separação, dia 18, o que deve durar apenas até a carreira solo das duas minguar, até porque “quando o mel é bom, a abelha sempre volta”. Enquanto muita “coleguinha” lamentou ouvindo música sertaneja, o fato mais importante dessa data aconteceu há 62 anos, com a chegada da pílula anticoncepcional às farmácias. O lançamento ocorreu estrategicamente em 18 de agosto porque nesse dia, em 1919, foi aprovado o voto feminino nos Estados Unidos. A luta de mais de um século deixou uma lição: o que não é aprovado hoje, pode ser no futuro. Mesmo que seja com restrições, como no caso do voto das mulheres negras, que lá só se tornaria lei em… 1964. Política tem disso, é organização, paciência, mas também, conveniência.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 52,6% do eleitorado é mulher, apesar de apenas 16,2% terem sido eleitas em 2018. Dentre elas, há apenas uma governadora: Maria de Fátima Bezerra (PT), no Rio Grande do Norte. Tratam-se de números modestos, mas são parlamentares como a deputada Carla Dickson (PROS), que propõem projetos como o Agosto Lilás, obrigando governos federal e estadual a promoverem ações pelo fim da violência contra a mulher.

Política à brasileira

Diante da nova lei, neste mês a sede de governo do Mato Grosso do Sul foi iluminada com a cor lilás. Como este mundo não é perfeito, uma… mulher, não identificada, confundiu a cor da campanha com o vermelho, e viralizou em um vídeo acusando o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) de… petista! Enquanto o clima nas eleições segue mais quente que o verão em Campo Grande, 2022 tem o recorde de 33% de candidaturas femininas, sendo que dos 12 concorrentes à presidência, quatro são mulheres: Vera Lúcia (PSTU), Sofia Manzano (PCB), Soraya Thronicke (UNIÃO) e Simone Tebet (MDB). Mesmo que algumas destas candidaturas sejam um oportunismo dos partidos, a presença delas motiva o debate de temas que provavelmente seriam ignorados nas eleições. 

Ainda há problemas sérios, como nos partidos que devem ter pelo menos 30% de candidatas, financiando-as com o Fundo Eleitoral, mas que nem sempre cumprem a lei. Este ano, o TSE está dando atenção especial a isso. 

Como só é contemplado com os benefícios das leis quem tem representatividade política, com mais candidatas eleitas, muita coisa tende a mudar. Na Espanha, por exemplo, em maio foi aprovada a licença menstrual para mulheres que sofrem com cólicas. Obviamente um projeto proposto por quem sente a coisa na pele. Mas não adianta pressa porque política é como a dança: dois pra cá, dois pra lá. E de rosto colado com a oposição, se for necessário para aprovar. Faz parte, por um mundo melhor, para quem é mulher e para quem é filho de uma.

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