Opinião | Independência do Brasil – As mulheres não podem ser silenciadas

Imagem: reprodução

Estamos na semana da Independência do Brasil. Nesta quarta-feira, dia 7, nosso país completou 200 anos. Foi no dia 7 que deixamos de ser colônia portuguesa para nos tornarmos uma nação livre. Já sabemos de cor e salteado as palavras que Dom Pedro I gritou próximo das margens do rio Ipiranga: “Independência ou Morte”. O que pouco sabemos da nossa própria história é o quanto as mulheres foram silenciadas até aqui.

Nossa emancipação foi feita por muitas pessoas. Dentre elas, claro, mulheres, negros e pobres. Por isso, quero lembrar de Maria Quitéria de Medeiros, uma heroína da pátria que se vestiu com roupas de homem para lutar pela independência do Brasil. Maria Quitéria foi criada em um ambiente rústico do sertão, em uma pequena propriedade rural. A ensinaram a bordar e costurar, mas ela sabia mesmo era montar à cavalo, caçar e manejar armas de fogo. Ela ouviu histórias sobre a opressão de Portugal que fizeram seu coração “arder de amor à pátria”.

Ao escutar as palavras de um defensor da independência, que recrutava soldados no interior da Bahia, Quitéria decidiu lutar como soldado. Pediu permissão ao seu pai, mas é claro que ele prontamente recusou. Então, ela cortou os cabelos, vestiu roupas do cunhado e ingressou como homem, ou melhor, “Soldado Medeiros” no Regimento de Artilharia onde permaneceu até ser descoberta. Com isso, o major permitiu que ela continuasse no Batalhão, já que possuía habilidades destacáveis com armas de fogo. Ela tinha 30 anos na época. 

Em março de 1823, um registro de Portaria do Governo Provisório da Vila de Cachoeira mostra que o Major pediu ao Inspetor dos Fardamentos, Montarias e Misteres do Exército que enviasse “saiotes, e uma espada” para que ela fosse devidamente fardada como mulher. Recebeu do imperador a Condecoração de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro, uma medalha criada como símbolo do poder imperial para homenagear brasileiros ou estrangeiros que tenham lutado pela independência do país.

Maria Quitéria teve muitas seguidoras. Inspirou homens e mulheres da época. Bateu-se heroicamente contra os soldados lusitanos à frente de dezenas de impávidas amazonas baianas. Rezar, cuidar dos feridos e costurar soldados não faziam parte da atuação de Quitéria na guerra. Eu repito: a nossa emancipação foi feita por muitas pessoas. Mesmo com todos os desafios, obstáculos e reveses de ser brasileira, tenho orgulho de pertencer à um país plural, imenso, verde e amarelo e entender que tudo isso, nos ajuda a compreender a nossa própria caminhada. 

À todas as Marias Quitérias desse mundão – somos e fazemos parte desses 200 anos. Somos um só Brasil, uma só nação. A melhor maneira de comemorarmos a Independência do nosso país, além de conhecer nossa própria história, é sendo independente, pois nós não precisamos pensar todos iguais pra sermos todos os mesmo Brasil.

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