Em dois dias, 20 e 21 de setembro, o Projeto ProFRANCA, que trabalha no monitoramento, pesquisa e conservação da baleia-franca, com patrocínio da Petrobras, realizou sobrevoos partindo de Florianópolis e seguindo até o município de Cidreira, litoral norte do Rio Grande do Sul. Ao todo foram registradas cerca de 250 baleias-francas, entre mães e filhotes (vídeos abaixo). A maior concentração estava na área da APA da Baleia Franca. As maiores agregações estavam na enseada das praias da Guarda do Embaú (Palhoça) e Gamboa (Garopaba), Siriú e praia central de Garopaba (Garopaba), Vila e Itapirubá Norte (Imbituba).
Este é um número preliminar e ainda precisa da análise das fotos para confirmação, mas é o segundo maior número de baleias-francas registrado desde que iniciaram as pesquisas sobre a espécie no Brasil, na década de 1980. O maior número foi em 2018, quando 273 baleias foram avistadas.
A iniciativa faz parte das atividades do Mês da Baleia-Franca, auge do período reprodutivo da espécie, quando um maior número de indivíduos é detectado no litoral sul do Brasil. Segundo Karina Groch, diretora de pesquisa do ProFRANCA/Instituto Australis, “tínhamos a expectativa de um grande número de avistagens, a partir do monitoramento realizado desde o início da temporada, em julho”. Durante o sobrevoo foram cerca de 3000 fotografias, que ainda terão que ser analisadas para a inserção dos indivíduos no Catálogo Brasileiro de Fotoidentificação das Baleias-Francas, mantido atualmente pelo ProFRANCA.
Na ação, os pesquisadores identificaram algumas baleias já conhecidas, como o caso da baleia Zimba, avistada na enseada de Garopaba, e Sloughy, avistada na enseada da praia da Gamboa. De acordo com a Diretora de Pesquisa, Karina Groch, “foi uma alegria avistar estas baleias, que estão no litoral brasileiro desde o início da temporada. Zimba que é mascote do ProFRANCA, já havia sido avistada em praias do litoral do Rio de Janeiro e São Paulo, e estávamos na expectativa para avistá-la aqui em Santa Catarina, o que nos deixou muito felizes pois tem um simbolismo muito grande para nós. Já Sloughy é a única baleia em nosso catálogo que já foi avistada nas Ilhas Georgia do Sul, uma das áreas de alimentação das baleias-francas, agora está aqui novamente, e com filhote. Além destas, outras baleias conhecidas também foram avistadas e agora temos um trabalho detalhado de catalogação de todas elas”.
Entre as baleias localizadas, também foram registradas a presença das baleias semi-albinas que já haviam sido avistadas em algumas praias nesta temporada. O primeiro filhote com esta característica foi avistado bem antes do sobrevoo, em 31 de julho, em frente à sede do ProFRANCA, na praia de Itapirubá Norte (Imbituba), e no sobrevoo foi avistada novamente no mesmo local”. O semi-albinismo, ou albinismo parcial, ou ainda Leucismo, é uma característica genética, onde um gene recessivo que causa a coloração branca acaba predominando e fazendo com que as baleias, que normalmente são pretas, nasçam brancas, com ausência de melanina na maior parte do corpo. Não é um albinismo legítimo pois não tem os olhos vermelhos e não sofre os problemas comuns do albinismo.
Além disso, estas baleias escurecem e ficam na cor cinza a medida que crescem. Baleias-francas semi-albinas geralmente são do sexo masculino (raramente pode ocorrer fêmeas, mas pelo menos duas já foram observadas em outros países, inclusive acompanhadas de filhotes). O sobrevoo foi realizado por Karina e a equipe do ProFRANCA, além do piloto. O objetivo foi é realizar o censo e a fotoidentificação individual das baleias, para estudos populacionais e de uso de habitat.
Monitoramento terrestre
A temporada reprodutiva este ano iniciou mais cedo, no dia 13 de junho, quando os pesquisadores do ProFRANCA confirmaram a avistagem das primeiras baleias-francas na região. Desde então, um grande número de indivíduos tem sido avistado durante o monitoramento terrestre realizado pelo projeto, a partir de 15 pontos de observação. O monitoramento se estende até o dia 30 de novembro.
As baleias-francas
A baleia-franca é uma espécie ainda ameaçada de extinção no Brasil, e conta com uma população estimada em cerca de 550 indivíduos e uma taxa de crescimento de 4,8% ao ano. Os números são baseados em 15 anos de dados dos sobrevoos de monitoramento da espécie. “Uma iniciativa sistemática de longo prazo é fundamental para acompanhar a recuperação populacional da espécie no sul do Brasil”, afirma Karina.
O ProFRANCA – Projeto Franca Austral – é realizado pelo Instituto Australis e conta com patrocínio Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Para saber mais visite www.baleiafranca.org.br e acompanhe nossas redes sociais @institutoaustralis.
Confira os vídeos:
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