Opinião | O Rei do Castelo de Cartas

Foto: reprodução

Numa eleição marcada pela paranoia, houve quem escolhesse a cor da roupa para não ser ligado a nenhum candidato na hora de votar. Só faltou acharem que mulher com “roupa de oncinha” é eleitora da Soraya Thronicke. Parece brincadeira, mas o Ministério da Justiça registrou 920 ocorrências de crimes eleitorais, como boca de urna, transporte ilegal de eleitores, violação do sigilo do voto ou mesmo agressão. Enquanto um eleitor de Goiânia quebrou uma urna a pauladas, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, outro colou as teclas para sabotar a votação. Ainda teve quem danificasse urna ao se irritar com os mesários, como se já não fosse difícil a tarefa deles, que em todos estados, acordam cedo no domingo para conferir em cada RG as fotos 3×4 mais feias do Brasil.

Porém, esses ainda ganham folga pelo trabalho. Pior para quem investiu na campanha e bateu na trave, como o ex-governador José Serra, os deputados Eduardo Cunha, Isa Penna, Joice Hasselmann, Alexandre Frotta, os ex-ministros Abraham Weintraub e Luiz Henrique Mandetta, e o ex-presidente Fernando Collor. Isso sem falar nos famosos, como a influenciadora Sarah Poncio, que tem 4,6 milhões de seguidores e ficou de fora. É como disse Felipe D’Ávila no último debate, “que tristeza”.

Pior do que está não fica?

Enquanto Eduardo Suplicy (PT-SP), Aécio Neves (PSDB-MG) Roseana Sarney (MDB-MA) e Tiririca (PL-SP) comemoram, esta eleição estabeleceu o bolsonarismo como uma força política nacional, ao transformar o PL, pequeno e sem identidade, na maior bancada do Congresso, com 99 deputados federais. Percebe-se o peso do presidente, por exemplo, na eleição de candidatos novatos como Zé Trovão, em Santa Catarina, além da votação recorde do mineiro Nikolas Ferreira. Fato que se repetiu em todo país, inclusive no Senado.

Porém, além de conservadores como Marcos Pollon (PL-MS), militante pró-armas, e o príncipe, Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), o presidente eleito vai ter que lidar também com deputados de esquerda, como Célia Xakriaba (PSOL), primeira indígena eleita deputada federal por Minas Gerais, Érika Hilton, também do PSOL, a primeira deputada trans de São Paulo, e Bobô (PCdoB-BA), ex-craque do Bahia. Além deles, há os de centro, como Baleia Rossi (MDB-SP) e Luciano Bivar (União-PE).

E esse jogo ainda está sendo embaralhado: hoje o PL é a maior bancada, seguida pelo PT, com 80, mas o União Brasil está em processo de fusão com o PP e juntos passariam a ser o maior partido, com 106 deputados. Isso, além da articulação com os pequenos, influenciaria o próximo governo a ser mais moderado. Gostando ou não, é com essas cartas que o presidente vai ter que jogar e construir o seu castelo. Caso contrário, vira o rei da Inglaterra, que está no poder, mas manda muito pouco.

Por fim, na polêmica das pesquisas, assim como “IPEC” e “DataFolha” acertaram as posições, mas erraram os percentuais dos dois primeiros candidatos, houve também a pesquisa “Brasmarket”, que há dois dias da votação apontou Bolsonaro com 45% e Lula com 30%. Enfim, até mesmo os informais, como o chamado “DataPovo” e a cigana Sara Zaad, erraram suas previsões. Porém, se Lula não ganhou em primeiro turno, nem Bolsonaro, e todo mundo aceitou o resultado, vitoriosa mesmo foi a urna eletrônica.

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