“O carro vai para onde vão seus olhos”. Os meus, por capricho, insistem em buscar sempre aquelas curvas que ainda estão na imaginação, teimando em querer o que está por surgir. Aquele drama de pedir para o amanhã chegar ontem, compreende? Você sofre de ansiedade? Eu também! E é sobre isso que divido hoje.
Olha, vou dizer uma coisa: que lasqueira é viver apressadamente. O tempo parece sempre jogar contra o desejo de realizar, para atrasar a chegada das minhas vontades. Eu nem sei quando tudo isso começou. Não é legal, é dificil de segurar e sofrido de compreender.
Como hábito, busco encontrar maneiras, na leitura, na escrita, de manter toda ansiedade trancafiada dentro de um saquinho de papel. Mas, como disse certa vez o ex-piloto Mario Andretti, “se as coisas parecem sob controle, você não está indo rápido o suficiente”. E a frustração bate forte quando, ao olhar para o lado, não vejo que as coisas movem-se na velocidade justa o bastante para alcançar minhas vontades.
Eu sei que este texto destoa muito das reflexões que costumo deixar, aos domingos. A verdade é que estou esgotado da gritaria da política, da histeria, do 2022. Meus nervos imploram que o ano chegue ao fim, que uma perspectiva diferente possa surgir.
Chega em outubro e estou desde junho torcendo para dezembro surgir, trazendo o natal e um clima menos tenso, mais acolhedor e fraterno. Como sugere Garth Stein, autor da frase de abertura, meus olhos já apontam para a discussão da uva passa no arroz, para a maionese com nozes, do chocotone com frutas cristalizadas, da sidra, vinho ou champagne.
Penso que seria bom que a vida pudesse ser guiada na velocidade que o momento pedir. Acelerando rápido nos trechos que preferimos deixar para trás, ou segurando o rítmo nos instantes mais prazerosos. Não é assim! Infelizmente, não é assim!
É hora de respirar em um saquinho de papel, encarar o presente e seguir, contra a ansiedade, em longas horas de terapia.
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