Opinião | O silêncio de quem não quer se posicionar

A polarização já começou muito antes do PT e Bolsonaro. Ela já teve um esquenta na época de protagonismo do PSDB com Serra, Alckmin e Aécio, mas sem dúvidas se intensificou com a chegada do atual presidente Jair Bolsonaro ao poder. Com um discurso “moral” e antipetismo ele conquistou boa parte do grupo que via nos tucanos, uma oposição. Essa polarização triplicou e voltou agora nas eleições gerais de 2022 muito mais viva e forte.

O que vem me deixando intrigada é que a sociedade, falando de uma forma geral, espera um posicionamento de todo mundo. Quem vota no Lula e quem vota no Bolsonaro pressionam os que simplesmente preferem ficar em silêncio ou os que já disseram votar em branco. Eu não compreendo o motivo desse silêncio incomodar tanto ambos os lados. Essa coisa de tomar partido ou de divulgar o voto – mesmo ele sendo secreto – vem atormentando a cabeça de muitos que estão realmente preocupados com o dia de amanhã. 

Eu acreditava que era preciso sempre se posicionar, mas escolher não se posicionar também é uma posição! Quem não quer estar de um lado ou de outro também paga as contas e sofre com o aumento dos preços. Dorme pensando em qual conta vai escolher pagar ou qual item da geladeira vai deixar de comprar. Não se posicionar não torna o cidadão menos brasileiro do que os que levantam as bandeiras dos candidatos. Não se posicionar traz dentro de si aflição e dúvidas. De um lado o que eu não quero. E do outro, o que eu também não quero.

Mais uma vez fadados a escolher um lado. O menos ruim. O menos pior como dito e escrito por muitos. Dá pena. Se você escolhe um lado, o outro aponta e vice e versa. Ninguém quer entender os motivos do porque aquela escolha, os lados só querem mesmo saber o porquê você não está do lado deles. Então, sinceramente, para você que está em silêncio e não tomou um lado, fica aqui meu mais sincero acolhimento. Tome uma posição – ou não – nas urnas. No silêncio do teu inconsciente ou no barulho da tua mente e ali, só você e a urna, saberão qual escolha tomar. 

As abstenções do primeiro turno deste ano chegaram a mais de 31 milhões, isso corresponde a 20% dos eleitores. Essa foi a maior porcentagem desde 1998. Não sou eu quem fala, mas são dados do TSE. E nesse segundo turno? Qual será o número? Os 20% devem aumentar? Ou o silêncio será capaz de eleger um lado?

2 Comentário

  1. Calar-se diante de um partido que é uma quadrilha igual o PT é concordar com tudo que fizeram . Quando foi candidata a vereadora , pediu para os eleitores se calarem , claro que não . Pura demagogia .

  2. Não há necessidade de se identificar, mas é preciso ter o senso patriótico e depositar/escolher alguém.
    Sair de cima do muro.
    Porque corre grande risco de ser governado por uma minoria e, proporcionar a seu herdeiro
    uma vida, tipo Venezuela.

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