Opinião | Química, filosofia, ciência? Para que vou usar isso?

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O professor, quando se depara com uma sala cheia de alunos, não raro chegando na casa de quarenta indivíduos (num espaço projetado para vinte e cinco), tem o grande desafio de proferir, professar (professor, é uma palavra advinda do latim, professus, que significa indivíduo que declarou em público) sua área de saber. E, com frequência, principalmente no ensino médio, este profissional se depara com a seguinte pergunta do aluno: “Para que vou precisar disso?”.

Esta crônica mui certamente, não irá responder de maneira plena este questionamento, mas enseja provocar a reflexão. Deste modo, se retornará de maneira imaginária ao período da Grécia Antiga, das grandes pólis (Cidade Estado). Este era um período onde, todo o conhecimento, todas as respostas, eram advindas de uma fonte religiosa, o Oráculo, que era um intermediário entre os deuses, e os mortais.

Os primeiros filósofos deste período, eram os fundadores do que hoje se conhece como ciência, dentre as mais diversas áreas de concentração do saber científico. Estes indivíduos, buscavam o conhecimento de maneira plena, tentando compreender o mundo ao seu redor. Através deles, surgiu o que ficou conhecido como pergunta fundamental, que inqueria, “o que é a realidade, e do que ela é composta?”. Esta pergunta tão simples, gerou as provocações para o surgimento de muitas das ciências formais que se conhece no século XXI.

Nas reflexões destes sujeitos, surge uma expressão muito conhecida no vocabulário científico, a palavra átomo, que diz respeito à uma fração muito pequena de algo, um pedaço minúsculo e indivisível. Nesta direção, estes filósofos, chamados de atomistas, como é o caso de Demócrito (460-370 a.C), compreendem que a realidade é feita de pequenas partículas, de átomos, que formam tudo que está ao redor do ser humano.

Estes pensadores geram o que hoje se conhece com explicação científica. Pode-se imaginar que eles também fizessem a pergunta “Para que vou precisar disso?”, promovendo inclusive um aprofundamento, do tipo “Para que compreender a realidade, o oráculo (a religião), já explica tudo?!”. Apesar de aqui se estar fazendo uma reflexão sobre a ciência, neste caso, a ciência mais diretamente envolvida, seria a química, é também uma reflexão filosófica.

Afinal de contas, a reflexão filosófica, tem como intenção de ser uma provocação ao pensar. Tomando por base as perguntas feitas em parágrafos anteriores, a propulsão científica e filosófica, seria algo do tipo: “Por que não pensar, não aprender?”, ou ainda, “Como saberei, se não usar isso?”, ou ainda, “Será que não podemos fazer melhor, ou de outro modo?”. Estas perguntas, costumam ser o que instiga muitos pesquisadores.

Mas, aqui se falou de avanço da ciência, de uma reflexão que leva à descoberta, neste mesmo sentido, talvez, seja relevante a reflexão, como fizeram os atomistas, de tentar compreender a realidade. Esta, uma reflexão filosófica, com amparo importantíssimo de ciências como a química, afinal de contas, comprar um produto, o conhecimento de algumas informações, elementos químicos agressivos à saúde, são relevantes.

Dificilmente se reflete sobre os conhecimentos das ciências, mas propriamente dito, da química, que se observa cotidianamente. Como quais conhecimentos foram sendo adquiridos ao longo de anos, de séculos, para que as invenções e inovações químicas pudessem fornecer resultados que agregassem num desenvolvimento contínuo a fim de garantir a qualidade de vida humana.

Assim, a química está presente na vida cotidiana, por exemplo, através da alimentação, quer seja na própria composição molecular de determinado alimento às diferentes etapas que ocorrerão quando em seu processo natural de crescimento, sendo sua origem vegetal, ou nos processos referentes à produção, quando industrializado, e até a sua decomposição ou ainda na digestão. Essa ciência está inserida em diferentes setores como o transporte, no tocante às energias alternativas e poder de combustão, por exemplo. Recentemente, na saúde, tantas foram as suposições e indagações de cunho científico. Questões básicas como o porquê do uso de álcool etílico na porcentagem em volume de 70%, e não em concentrações diferentes.

Compreender esse campo de conhecimento, implica em muito mais do que apenas estudá-lo. É a partir desse olhar curioso sobre situações simples e até mesmo corriqueiras ou ainda sobre uma problemática que se busque solução, que são feitas indagações à procura de explicações. Esse método é denominado investigação científica.

Dito isso, quando o professor se depara com a pergunta do “por que estudar química”, é necessário apontar a eles à luz da filosofia os conceitos primários de alguns pensadores como Demócrito, discípulo de Sócrates, que através de suas indagações a respeito do que cada coisa poderia ser formada empiricamente, tornando possível compreender a realidade ao seu redor, contribuíram para o que mais tarde se tornaria uma explicação científica.

Evidentemente, quando o ensino dos objetos do conhecimento de cada componente curricular está articulado com um objeto de estudo ou uma problemática real do local ao qual os alunos pertencem, a aprendizagem acontece de maneira mais efetiva e tudo isso passa a fazer mais sentido para eles.

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