A ex-jogadora de vôlei Ana Moser assumiu oficialmente nesta quarta-feira, 4, o comando do Ministério do Esporte.
No primeiro discurso à frente da pasta, a ministra disse ter recebido de Lula a missão de garantir o direito de todos à prática desportiva.
“O presidente Lula me convidou para ser ministra do Esporte, o que muito me honra. Mas, muito mais que honra, esta é uma missão que recebo em nome de uma causa: garantir o direito de todos ao esporte. Este foi o pedido do presidente”, declarou.
“Fazer uma revolução no esporte, fazer uma revolução do esporte na educação, uma revolução do esporte na saúde, na assistência social, nos municípios. Oferecer esporte e atividade física para a vida de todas e todos e também desenvolver o esporte amador. Este foi o pedido do presidente Lula a mim”, seguiu.
Ao longo de todo o discurso, Ana Moser indicou que o Ministério do Esporte terá foco no esporte como instrumento de política social – ou seja, sem o objetivo único de trazer medalhas e fomentar o alto rendimento.
“Como no Brasil existe o esporte de alto rendimento muito maior do que esporte acessível à população, isso é retrato da extrema desigualdade presente na sociedade. E é isto que precisa ser tratado como prioridade. Precisa ser dada a amplitude que esta questão merece”, declarou.
A cerimônia aconteceu em Brasília, na sede do ministério. Servidores da pasta e autoridades acompanharam o evento, incluindo:
O ex-ministro do Esporte Orlando Silva e Leandro Cruz;
Os ministros Camilo Santana (Educação), Vinicius Marques (CGU), Esther Dweck (Gestão), Anielle Franco (Igualdade Racial);
O presidente do Comitê Paralímpico Internacional (CPI), Andrew Parsons;
O presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) Paulo Wanderley Teixeira.
Medalhista olímpica, Ana Moser é ativista social e participou nos últimos anos de ações sociais voltadas ao esporte e à educação.
Na cerimônia, Ana Moser apresentou:
A ex-jogadora de basquete Marta Sobral, prata em Atlanta-1996, como secretária de Esporte de Alto Rendimento;
O ex-secretário de Esportes de São Bernardo do Campo, professor José Luis Ferrarezi, como secretário de Futebol e Torcida.
O lutador de taekwondo Diogo Silva, campeão pan-americano em 2007, também integrará a equipe do ministério. O cargo não foi anunciado.
Formação política de atletas
Após a cerimônia em Brasília, Ana Moser foi questionada sobre o que achou da ausência de alguns atletas do velório de Pelé, em Santos.
Ao responder, a ex-atleta associou a ausência ao fato de o ambiente esportivo, na avaliação dela, não ser “muito politizado” nem “muito participativo”.
A ministra, então, defendeu que os atletas passem pelo que ela chamou de “formação política”.
“Eu não sei os motivos [das ausências], não posso julgar, fazer julgamento de valor. A gente sabe que o esporte é um meio que não é muito politizado, não é muito participativo na vida da sociedade. E este é um anseio que a gente tem. Eu, como outros atletas, fazia esse trabalho de formação política para atletas para que tenham uma participação cidadã na sociedade.”
“Acho que se esses valores fossem mais fortes, talvez a gente teria esses atletas lá [no velório]. […] Acho que a participação política é o objetivo da gente, ampliar. Isso é ampliação de cultura também, é um objetivo que a gente tem”, declarou.
Ministério do Esporte
O Ministério do Esporte foi extinto no governo Jair Bolsonaro e transformado em uma secretaria, vinculada ao Ministério da Cidadania. Durante a campanha eleitoral deste ano, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que, se eleito, iria recriar o ministério.
No último domingo (1º), dia em que tomou posse como presidente, Lula assinou uma medida provisória (MP) sobre a estrutura de governo, recriou o ministério e deu posse a Ana Moser como ministra.
Racismo no esporte
Durante a campanha, Lula e Ana Moser participaram de um ato em São Paulo com diversos atletas e ex-atletas. Na ocasião, Lula defendeu o combate ao racismo no esporte.
No ano passado, por exemplo, o atacante brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, foi alvo de racismo na Espanha. Além disso, torcedores do Corinthians foram hostilizados de forma racista por torcedores do Boca Juniors.
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