Opinião | Fritz Müller poderia ser o nosso Museu de História Natural?

Foto: divulgação

“Mantenha os olhos nas estrelas e os pés no chão”. Theodore Roosevelt, autor desta frase, um dos mais complexos e racista ex-presidentes dos Estados Unidos, foi um naturalista cujo o pai, um filantropo, ajudou a fundar o Museu Americano de História Natural. Um pedaço da humanidade está em Nova York, atraindo multidões de turistas, pesquisadores e estudantes. Interferindo diretamente na dinâmica da economia local, ajudando a compreender o que vivemos até hoje.

Traçar paralelos com as nações que encontraram o caminho do progresso pode realmente encurtar a jornada do país, com atalhos para melhorar a qualidade de vida por aqui. Evidente, sem esquecer que culturas diferentes impõem necessidades distantes, ainda que para um objetivo tantas vezes comum.

“Nada é impossível. Se puder ser sonhado, então pode ser feito”, já diria Roosevelt. O que praticamos no Brasil, especialmente no nosso retrato local – Blumenau -, é bastante diferente do que é ensinado na América, por exemplo. Os museus de lá preenchem a programação dos visitantes que recebem antes, durante e depois da atração, estímulos para o consumo de produtos, serviços e/ou outras atividades na cidade.

Fritz Müller, um dos mais importantes naturalista que viveu no Brasil, pouco é discutido nas salas de aulas. Também não recebe o mesmo destaque que teria se o acaso da vida tivesse carregado a sua moradia para um outro país. Simploriamente mantemos no local da sua casa um museu que quase pede desculpas ao visitante de tão modesto que é. Tenho o sentimento que, com a riqueza da história deste homem, qualquer cidade americana construiria um espaço capaz de oferecer muitas horas de atividades para aprofundar todo conhecimento, impactando direta e indiretamente o entorno.

Nossa cultura popular diz que “santo de casa não faz milagre”. Fico a imaginar o que poderia ser possível de conquistar caso desafiássemos esta escrita transformando em ouro tudo que vivemos. Um olhar atento ao passado, aos personagens e fatos que marcaram a história, fiapos de esperanças brotam, florindo ideias para tornar mais dinâmica o interesse por nossas coisas.

Poderiam as tragédias climáticas, tantas que vivemos, ensinar além da dor em um Memorial dos Desastres Climáticos? Faz sentido revisitar os equipamentos que serve de reservatório de histórias, atrações turisticas e expressões artisticas?

Acho que seria possível encontrar mais esperança de transformações, de desenvolvimento, caso, por exemplo, trocassemos a aplicação de recursos públicos em imponentes obras não permanentes por investimentos em locais como Fritz Müller. Os R$ 350 mil gastos com o ovo de Páscoa que será desmontado ao final do evento ofereceria boas alternativas de atrações para o espaço. Mas, como disse Cristóvão Colombo na metáfora do ovo em pé, “tudo que é natural parece fácil, após conhecido ou encontrado”.

No final deste mês comemoramos mais um ano de nascimento de Fritz Müller. Que a cidade desperte para riqueza cultural, turistica e econômica que desperdiça ao negligenciar a memória, os feitos científicos e todo potencial interligado as pesquisas e vida do naturalista. Como discursou certa vez Theodore Roosevelt, ao referir-se ao Museu Americano de História Natural, “a conservação dos recursos naturais é o problema fundamental. Se não o resolvermos, ficará difícil resolver todos os demais”.

Tarciso Souza, jornalista e empresário

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