RAMON AGUIAR BENEDETT
administrador
Conheço uma família que briga frequentemente. Na verdade, é difícil até de chamar de briga, pois o pai, forte e poderoso, bate, bate, mas poucos arranhões leva. A mãe, já descabelada, impaciente e apavorada, se desespera, grita alto e chora. A filha, pequena e sem muito poder, também grita com o pai, tenta pará-lo de alguma maneira, tenta convencê-lo do erro. Mas o papai, muito sabido e certo que pensa estar, protegido pela grandiosidade de seu apartamento e pela conivência de seus vizinhos, pouco caso dá aos reclamos.
Mas quero falar de política. Política em Blumenau. Da relação entre partidos e políticos, entre oposição e situação. Quando questionados em relação a idoneidade de seus partidos, os políticos sempre se desculpam afirmando que partidos são todos iguais e que devemos nos ater à pessoa e não ao partido. Infelizmente, até que faz sentido.
Entretanto a prática não é bem assim! Mas o mais inquietante, para não dizer estúpido, na verdade, é o alinhamento abobado com que a grande maioria exerce sua função de situação.
Sendo talvez a mais importante função de um vereador a fiscalização do executivo, o que se vê na realidade é uma completa servidão dos situacionistas aos mandos do executivo.
Nunca se ouve uma crítica veemente, um pedido de investigação, uma solicitação de esclarecimento sobre algo que possa ser maléfico à imagem de seus companheiros. Quando muito, e bota muito raramente nisso, se estiver forte na mídia, apoiam uma instalação de investigação solicitada pela oposição. Deturpa-se a função das críticas, que ao invés de serem utilizadas para aperfeiçoamento da gestão não, são simplesmente ignoradas ou refutadas.
Tornar-se situação em nossa política atual é jogar todo o discurso da eleição pelo ralo. A veemência com que bradavam a necessidade de transparência, de diminuição da máquina pública e do absurdo da corrupção, esvaem-se de seus íntimos como um simples flato, silencioso e inodoro.
Perdem-se a si próprios. Perdem seus objetivos, suas estratégias. Perdem sua individualidade por um coletivo vazio de princípios, com metas vagas e ambições egoístas. Perdem eles e perdemos nós, perde o bairro, o hospital, a escola. Perdemos todos.
Enquanto isso, a surra continua. O pai (poder executivo) continua a bater na esposa (população), a filha (oposição) grita o pouco que consegue. O vizinho (legislativo situacionista), esqueci de mencionar que também é compadre, fica a fingir-se de deficiente, surdo, mudo e cego.
SERÁ PORQUE FICAM COM MEDO DE PERDER A BOQUINHA QUE TEM NA PREFEITURA…OS FAMOSOS COMISSIONADOS.