Opinião | Negócio da China?

Foto: Diogo Zacarias/MF/Divulgação

Apesar de tanta tecnologia, ainda não existe uma conclusão, mas será que acontece tanta coisa no Brasil porque o país é do tamanho de um continente ou por ser meio maluco mesmo? Seria o calor? Enfim, desde que Lula falou o que não devia em entrevista ao portal 247, o presidente adoeceu, a esperada viagem para a China ficou em risco e o tal novo arcabouço fiscal começou a ver a luz do dia. Isso tudo, sem falar no Banco Central que, apesar de pressão do governo pela redução dos juros, manteve a taxa básica de juros em 13,75%. Aí, quando já parecia bastante coisa, advinha quem finalmente está de volta a este país calorento e colorido? Ele mesmo, Jair Bolsonaro! Se fosse uma novela ou filme, diriam que tudo isso em uma mesma semana só aconteceria na ficção.  

Pois é, mas se na recuperação de Lula há quem torça para a doença, tem coisa bem mais importante em jogo. Por exemplo, e a Reforma Tributária? Porém, enquanto a política for tratada como novela ou circo, vai ter espaço para quem deseje se eleger para fazer palhaçada. E isso não é uma indireta para o deputado federal Tiririca (PL).

Negócios são negócios

A distância entre o discurso e os problemas de verdade é a seguinte: o governo discute e a imprensa repercute o novo arcabouço fiscal, mas o que é isso? Trata-se apenas de uma forma chique de falar “ajuste fiscal”, ou ainda, como o governo vai equilibrar as contas, tendo em vista o dinheiro que entra e o que sai. Explicado simples assim, qualquer um entende, não é?  No caso, o plano prevê superávit, sair do vermelho, já em 2025. Seria muito otimismo?

É natural que a coisa seja alterada pelos debates no Congresso Nacional e na mídia, mas a ideia básica é acabar com o déficit público, tendo um piso para investimentos que pode variar se houver aumento na arrecadação do Estado. Para atingir este objetivo, por exemplo, é necessário que haja mais parcerias econômicas e a melhoraria na qualidade de investimentos, como obras e projetos do governo. Seria importante também a Reforma Tributária, mas essa história é tão enrolada quanto aquela antiga charada: “quem veio antes, o ovo ou a galinha?”. Em um caso como esse, esperto é quem “não conta com o ovo dentro da galinha” e por isso a saída é correr atrás do dinheiro, como é o caso da viagem à China.

Enquanto muita gente torce o nariz para os chineses, a lógica é fazer negócio com quem oferece as melhores condições. É assim até para os mais ricos, como quando Donald Trump iniciou a guerra fiscal dos Estados Unidos contra a China. Como ficou mais caro para os asiáticos fazerem negócios com os americanos, para a sorte do ex-presidente Michel Temer, vieram atrás do Brasil como alternativa. A coisa é simples: negócios são negócios e se ninguém está sendo enganado, qual é o problema? 

Para quem ainda assim torce o nariz, então o agronegócio brasileiro deveria parar de vender carne e grãos para a China? Os discursos podem até seduzir, mas a barriga de todo mundo ronca na hora do almoço. Todos têm as suas preferências, mas a realidade sempre se impõe.

Fernando Ringel, jornalista e professor universitário.


2 Comentário

  1. A doença do Nine é difícil de curar, caráter não se cura.

  2. Há cerpas pessoas que ainda vivem na ilusão da volta do mercador de joias. Esse tempo das trevas felizmente já passou. O tempo dos lunáticos extremistas foi dissipado. A terra voltou a ser redonda, apesar do raspa c… e chupetas.

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