Coluna: MATERNIDADE por SABRINA HOFFMANN jornalista e mãe
Eu amo o Natal. Juro. Todos os anos a nossa casa fica tomada por presépios, árvores, bolas coloridas, toalhas. Tudo o mais lindo e brega o possível. No nosso Natal sempre tem viagem pra rever a família, jantar especial, culto com velinhas e Noite Feliz. E tem, claro, ele. Aquele velhinho barbudo que insiste em se vestir de veludo da cabeça aos pés mesmo fazendo 40 Cº e que leva nossos créditos pelo brinquedo que custou uma pequena fortuna. Sim, estou falando do Papai Noel. Aquela criatura que habita shoppings centers, vilas de Natal e que vive distribuindo simpáticos ho ho hos para qualquer um que passa.
Veja bem, não tenho nada contra o Papai Noel. Mas o fato de ele habitar a imaginação das crianças (mea culpa, deveria ter me desfeito dele assim que a cria aprendeu a falar) faz com que a gente tenha que mentir. E nem sempre o planejado dá certo. E a mentirinha acaba virando uma presepada natalina.
Foi o que aconteceu por aqui. Pedido decidido, lá foram papai e mamãe enfrentar a fila quilométrica da casa do Papai Noel para que a filha pudesse solicitar o brinquedo que queria. E aí, enquanto o gorducho descansa, sorri e tira fotos, a gente parte pra consulta do preço mais em conta. Resultado: loja virtual, sua linda.
Precinho camarada, compra realizada faltando apenas duas semanas para o esperado 25 de dezembro. Mas e quem disse que a encomenda, nessa época turbulenta, chega no prazo? E foi graças a esse atraso que a mentirinha do bom velhinho virou um problemão. Conversa com a filha, deixa uma cartinha no lugar do brinquedo e encara a fisionomia de decepção de uma criança de três anos que preparou lanche e tudo para o bom velhinho. Acordar no dia 25 sem presente, para qualquer criança, é uó.
Nós, pais, somos tomados pela vontade de invadir o shopping e socar o barbudo. Entrar nos correios e rodar a baiana. Se abraçar na árvore, soltar um “sinto muito”. A gente incentiva a imaginação mas não sabe lidar com frustração. E é pra lá de difícil ensinar as crianças que nem sempre tudo sai como planejado.
E graças ao atraso dos correios e do incentivo à lenda do Papai Noel, passamos por isso. Se eu passei a odiar o Natal? Jamais! Afinal, a data é pra gente o aniversário de alguém muito mais importante do que um velho barbudo e sacana, que se aproveita da nossa conta bancária pra dizer que trouxe o tão esperado presente.
No ano que vem vai ter vela, culto, jantar, decoração – brega e linda, porque sim! Já o Papai Noel, que vá sorrir em outro território. Essa mentirinha já deu pra mim, que não aguento mais ter que aturar as suas zoeiras.
A culpa é do Papai Noel e dos Correios ?
Não é necessário mentir , apenas mostrar aos filhos que o Natal não é feito só de presentes , que a figura do Bom velhinho é apenas uma lenda que se perpetua por décadas ….só isso .