Amigos, que semana cansativa. Os temas parecem repetir o que a garganta não deixa de gritar. Criminalizar o pobre, o preto, o doente, o dependente químico é como o homem governando para o fim da civilização. Sem ciência, longe da paz, distante da racionalidade, abraçado com o ego vazio dos interesses – seus próprios interesses – privados.
O dia que o batuque dos terreiros animarem, como trilha sonora, uma sessão do legislativo, um ato de governo, e o fato não gerar nenhum ruido, qualquer barulho reacionário, então teremos vencido. Lá, um momento lindo, em um exercício de um Estado laico, não haverá espaço para o ódio, o racismo, a perseguição. É triste saber que o caminho até a igualdade, bastante longo, inclui desviar dos ataques frequentes, driblando o atraso, como tem feito o Vini Jr. ao superar “estes coisas” que das trevas saíram e caminham entre nós.
Embora doloridas, estas feridas abertas publicamente revelam muito mais que as entranhas da sociedade. As ferramentas de pesquisa apontam que, após os ataques sofridos pelo brasileiro, explodiram nas redes o interesse sobre o tema. Hoje, o desabafo do jogador está no topo das maiores repercussões mundiais em língua portuguesa em 2023. Além disso, este é o segundo maior engajamento na internet de fatos contra o racismo já registrado na história. O caso George Floyd, em 2020, foi a ato com o maior número de pessoas envolvidas nas discussões.
Infelizmente, o fogo não foi capaz, ainda, de consumir cada um dos racistas e comportamentos que buscam diminuir o outro por suas condições, pensamentos, hábitos, costumes, ou cor. Especialmente no Brasil, o país com o maior número de negras e negros fora da África, investir nas políticas públicas de erradicação do racismo e valorização da igualdade é fundamental para o desenvolvimento de um país mais justo e próspero.
Pode parecer inacreditável, a verdade é vergonhosa, nesta semana foram revelas as estatísticas de escravidão no mundo. Mais de 1,05 milhão de brasileiros vivem em situação de escravidão contemporânea. Walk Free, uma organização internacional de direitos humanos, estima que existam 5 trabalhadores escravos para cada outros mil habitantes no Brasil. Só para ter uma ideia, seria como pegar todos os moradores de Joinville e Florianópolis, as duas maiores cidades de Santa Catarina e, em uma senzala, manter todos trancados.
É fundamental que personalidades, como o Vinícius Júnior, ofereçam o megafone da visibilidade para as dores que o racismo provoca. Porém, apenas as micro e pequenas ações da rotina são capazes de oferecer condições para eliminar todas as formas de diminuição de um humano em detrimento do outro. Fica o convite: revisite seus atos e comportamentos. Ofereça aos vendedores ambulantes, faxineiras, catadores de lixo, moradores de rua, outros trabalhadores, pretas e pretos, gays, lésbicas e todos aqueles que sub-vivem, mais respeito, o afeto e atenção. Empatia é o primeiro passo para mudar o mundo e a sua volta.
Boa semana!
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