Programa Universidade Gratuita avança nas comissões da Assembleia e será votado na semana que vem

Foto: Bruno Collaço/ALESC

Seguindo o cronograma definido pela Assembleia Legislativa para a tramitação das três propostas do governo do Estado que tratam da implantação do programa Universidade Gratuita, as comissões de Constituição e Justiça; de Finanças e Tributação; e de Educação, Cultura e Desporto se reuniram na manhã desta quarta-feira, 5,  para a análise dos textos.

Encaminhado à Assembleia Legislativa no dia 16 de maio pelo governo do Estado, o programa Universidade Gratuita prevê a concessão de bolsas de estudo nas universidades comunitárias (Sistema Acafe) e privadas (Ampesc) do estado.

Depois de muita conversa, de uma negociação que vem acontecendo há semanas, um acordo garantiu sua ida a Plenário e a votação acontece na próxima semana.

Nesta manhã foram apresentados os pareceres a uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 3/2023), a um Projeto de Lei Complementar (PLC 13/2023) e a um Projeto de Lei (PL 162/2023). A PEC foi votada e aprovada pelas três comissões e enviada para deliberação em plenário na tarde desta terça-feira. Já ao PLC e ao PL foi concedida vista coletiva aos deputados até a próxima segunda-feira (10), para que possam analisar com mais profundidade as alterações realizadas nos textos a partir das 154 emendas apresentadas. A expectativa é que as duas matérias sejam votadas em plenário na próxima terça-feira (11).

O PLC 13/2023 institui o programa propriamente dito e estabelece, entre outros pontos, os requisitos necessários para a concessão das bolsas. O PL 162/2023 institui um novo formato para o Fundo Estadual de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior (Fumdes), de onde sairão os recursos para financiar as vagas nas instituições de ensino superior. Atualmente, esse fundo é regido pela Lei Complementar 407/2008, cuja revogação está prevista no PL.

Já a PEC revoga os artigos 47, 48 e 49 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição de 1989. Estes itens dizem respeito à concessão de bolsas de estudo pelo governo do Estado e, conforme o Executivo, sua revogação é necessária para dar segurança jurídica para a implantação do programa.

Uma das principais alterações realizadas no programa será a destinação do R$ 1,4 bilhão voltado às bolsas de estudo. Os percentuais no montante, de 80% para as universidades comunitárias e 20% para as instituições privadas, foram alterados para 75% e 25%, respectivamente.

Agora também serão destinadas 88 mil vagas no âmbito do programa, 13 mil a mais do que a proposta original, que serão oferecidas pelo Sistema Acafe.

O novo texto também aprimora a transparência pública e o controle social do processo, com as universidades da Acafe tendo que disponibilizar em um portal de internet dados sobre o salário dos seus servidores, incluindo os reitores. O Tribunal de Contas do Estado fará a fiscalização do programa e as comissões de Finanças e de Educação receberão relatórios semestrais sobre o seu desenvolvimento.

Sobre o financiamento do Universidade Gratuita, o percentual de 10% que seria proveniente do orçamento da Udesc, agora virá do caixa comum do Estado. Foi estabelecido também que o governo somente poderá utilizar até 5% do orçamento do setor da educação para o pagamento das bolsas.

Já o trabalho exigido do aluno como contrapartida à bolsa, que na proposta original compreendia 4 horas e 20 minutos por mês, passa a ser semanal. Os estudantes terão prazo de até dois anos após o término do curso para comprovar a realização da contrapartida.

Também passa a ser permitido que os alunos que já contam uma graduação possam acessar o programa, sendo vetado apenas aqueles que já recebem alguma bolsa de estudo oferecida pelo governo, como o Uniedu. As vagas de estudo na modalidade Ensino a Distância (EaD) oferecidas  pelas universidades particulares, porém, terão limite de 30% de financiamento por meio do programa.

Em meio às diversas manifestações apresentadas, foram comuns os discursos destacando o processo de negociação implementado pelo Legislativo e o Executivo para a condução das propostas.

A deputada Luciane Carminatti (PT), que preside a Comissão de Educação, afirmou que a iniciativa tornou possível que o texto da alteração constitucional fosse levado à votação nas comissões já de forma consensuada.

O deputado Napoleão Bernardes (PSD), por sua  vez, afirmou que a própria complexidade do tema exigiu uma condução especial por parte dos dois poderes. “Com muita arte, inteligência e convergência, se buscou aqui construir o possível, que neste caso é atender mais e melhor os catarinenses em termos de interesse público.”

O deputado Camilo Martins (Podemos), que preside a Comissão de Constituição e Justiça, destacou a “sensibilidade e abertura” apresentada por parte do secretariado do governo, fundamentais, a seu ver, para que os deputados pudessem firmar um melhor entendimento sobre a matéria. Ele também agradeceu ao presidente da Alesc, deputado Mauro de Nadal (MDB), pela autonomia concedida às comissões na condução dos trabalhos.

Da mesma forma, o líder do governo na Assembleia, deputado Massocco (PL), ressaltou o bom relacionamento com o Legislativo estadual. “Quando Executivo e Legislativo trabalham no mesmo caminho, o resultado vem e quem se beneficia é a sociedade. E que eu quero aqui agradecer a todas as comissões e a todos os deputados, pela forma com que trabalharam e agiram.”

 

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