Opinião | 7 de setembro, da esquerda, de direita ou do Brasil?

Foto: Audiovisual/PR – Agência Brasil

Depois de um mês inteiro sem feriados nacionais, setembro chega com um já na primeira semana. Nos últimos anos, o dia da independência veio com “cara de segunda-feira braba”, tendo pouco de festa e muito de briga. Entretanto, o mundo gira e em 2023 tudo está com a cara do 7 de setembro preguiçoso de sempre. 

Porém, sempre há os descontentes e, entre eles, quem esteja pedindo para que as pessoas “fiquem em casa” durante as festividades. Pois é, estão um pouco atrasados porque isso foi útil na pandemia e ela já acabou, não é? 

Além dessa forma de protesto, muitos estão enchendo as redes sociais do Exército com acusações, não pelo tenente Mauro Cid estar envolvido no caso das joias presenteadas pela Arábia Saudita, mas por Lula ter assumido o seu terceiro mandato. Bastou um revés eleitoral para muito patriota esquecer o tal amor pela pátria, ignorando até mesmo a principal data comemorativa nacional.

Enfim, independente da política, é motivo de comemoração que a data volte a ser simplesmente um dia em que a maioria dorme até mais tarde, vê os amigos e só. Nada além de mais um feriado.

Um copo meio cheio?

No resto do planeta, trata-se apenas do sétimo dia do mês, e para quem lamenta a sedução que o político brasileiro tem pela mídia, na Índia, ou “no país que antigamente conhecíamos como Índia”, a presidente Draupadi Murmu vai propor mudar o nome do país para Bharat. A ideia é apagar os traços históricos com o período em que eles foram colônia da Inglaterra. Mas no que isso mudaria a vida dos indianos, ou no caso, bharatianos? Papinho de político e nada mais. Seja lá como for chamado, o fato é que o rio Ganges vai continuar poluído por décadas. É como ocorreu na antiga Pérsia, a mesma da Bíblia, que após a Revolução Islâmica de 1979, passou a se chamar Irã, sem que isso melhorasse qualquer coisa. 

Prova disso ocorreu no último dia 26, quando o iraniano Mostafa Rajeri foi proibido de frequentar instalações esportivas pelo resto da vida. Seu crime foi ter apertado a mão de um atleta de Israel, com quem dividiu o pódio no Campeonato Mundial Masters de Halterofilismo. E na Ucrânia, país da Europa, que no dia 24, condenou duas irmãs à prisão por terem dançado em cima do túmulo de soldados? Ideia pouco inteligente, sem dúvidas, mas cinco anos atrás das grades por isso? Coisas de um planeta complicado, onde só bêbado tem a solução para todos os problemas. 

A vida real é cheia dessas idas e vindas, como os sete golpes de Estado ocorridos na África nos últimos três anos. Depois de Niger, Guiné, Burkina Faso, Sudão e Mali, agora é o longínquo Gabão que teve o seu presidente tirado do poder à força. No caso, Ali Bongo governava desde 2009, quando morreu o antigo presidente, seu pai, que esteve no poder por quatro décadas! Para isso virar uma guerra civil, pouco custa. 

Pois é, a vida não é como nas propagandas políticas ou nos comerciais de margarina. Para chegar a essa conclusão, basta olhar para o resto do mundo como ele realmente é: tirando os Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, além de uns gatos pingados aqui e ali, como Suécia e Holanda, o que sobra? Se for comparar com o resto do mundo real, apesar dos pesares, os problemas do Brasil parecem até pequenos.

Fernando Ringel, jornalista e professor universitário

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