O ano de 2023 ainda não terminou, mas para quem lidera um negócio já é momento de planejar o futuro. Pensando nisso, a Handit Planejamento Orçamentário promoveu em Blumenau um debate sobre os cenários político e econômico atuais comandado pelo pesquisador, escritor e colunista do Valor Econômico Bruno Carazza. O painel ’Reformas, medidas econômicas e os impactos no planejamento 2024’ discutiu as questões que precisam ser consideradas na hora de planejar os próximos passos nos cenários que o Brasil apresenta.
Na abertura, a gerente executiva da Fundação Fritz Müller, Raquel Schürmann, ressaltou a importância da instituição como um hub para fortalecer a educação executiva na região, conectando empresas a especialistas e promovendo o conhecimento e a inovação. O CEO da Handit, Fernando David Moysés, agradeceu a plateia pelo prestígio ao evento e reforçou o objetivo de oferecer às empresas informações e subsídios que apoiem no desenvolvimento do planejamento do próximo ano.
Para uma plateia de cerca de 100 empresários e gestores financeiros de empresas de grande porte de Santa Catarina, que lotaram o auditório da Fundação Fritz Müller, Bruno Carazza discutiu as incertezas e desafios que permeiam o cenário econômico nacional e global.
’Não tenho bola de cristal, não vou falar a quanto vai o câmbio. Todo mundo gostaria de saber esse tipo de informação porque vivemos num mundo em constante mudança, mas vou trazer para vocês alguns panoramas que ajudam a entender as projeções que estão sendo feitas’, afirmou Carazza, destacando a importância da análise de cenários em um ambiente econômico volátil.
Após uma introdução que demonstrou a relação da flutuação do PIB brasileiro com fatos que marcaram a economia do Brasil e do mundo, economista destacou como as projeções costumam estar próximas dos fatos reais. Ele usou como exemplo o Global Risks Report, relatório elaborado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial e que previu, em 2020, a possibilidade de uma pandemia e, em 2022, uma guerra – pouco antes de a Rússia invadir a Ucrânia. ’São exemplos do mundo de como as variáveis se alteram, mas como tudo está cada vez mais conectado, é fundamental trabalhar com cenários’, ressaltou.
Rumos para o Brasil
No que diz respeito à economia brasileira em 2023, Carazza compartilhou perspectivas positivas, apontando para a recuperação após a crise de 2020 e a queda gradual da taxa de desemprego desde o auge da pandemia. Ele enfatizou que, embora o ritmo atual esteja apontando para um crescimento que deve fechar 2023 na casa de 3%, o comportamento deve ser de cautela para os próximos anos.
O economista chamou a atenção para desafios como o crescimento desigual entre setores da economia, com segmentos como indústria, comércio e construção civil ainda atravessando uma fase de estagnação e com a economia sendo “puxada” especificamente pelo setor do agronegócio.
Uma das principais preocupações abordadas foi a questão fiscal. Carazza apontou que o governo brasileiro ainda enfrenta desafios significativos na gestão das finanças públicas e destacou o arcabouço fiscal, promessa do governo federal para ajustar as contas públicas e impulsionar o crescimento do país – mas que, de acordo com o especialista, tem pontos que precisam ser acompanhados de parto, como a inexistência de um dispositivo de sanção caso o governo não cumpra o que está estabelecido no acordo. ’O maior risco para o equilíbrio da economia brasileira está na questão fiscal’, alertou Carazza, destacando a importância da responsabilidade fiscal e da disciplina no controle dos gastos públicos.
Além disso, o economista abordou a Reforma Tributária como uma medida crucial para impulsionar o crescimento econômico, citando a alta carga tributária e a complexidade do sistema tributário brasileiro como fatores que ainda prejudicam o investimento e o crescimento. Carazza encerrou enfatizando a necessidade de um planejamento cuidadoso e de reformas econômicas eficazes para garantir um futuro de crescimento sustentável para o Brasil.
Quem é Bruno Carazza?
Bruno Carazza é pesquisador, autor do livro “Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do sistema político brasileiro” (Companhia das Letras, 2018) e colunista do jornal Valor Econômico, com passagem também pela Folha de S.Paulo. Doutor em Direito Econômico pela UFMG (2016), mestre em Teoria Econômica pela UnB (2003) e bacharel em Ciências Econômicas (1998) e em Direito (2010) pela UFMG e professor associado da Fundação Dom Cabral.
Durante 20 anos, atuou em diversos órgãos da área econômica do governo federal, como Secretaria de Política Econômica (SPE), Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda e Escola de Administração Fazendária (Esaf, onde foi diretor entre 2017 e 2019).
Fonte: Presse Comunicação
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