No árido limiar entre setembro e outubro, é crucial que lembremos da campanha que preencheu nossos dias com a cor do sol, o Setembro Amarelo. Em um mundo que se apressa freneticamente, a urgência de tratar das questões ligadas ao suicídio torna-se ainda mais premente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta: mais de 2% das mortes globais resultam do suicídio. No Brasil, esse flagelo ocupa o quarto lugar entre as causas de morte de jovens entre 15 e 29 anos. Esses números sombrios refletem uma realidade angustiante: a vida será dura de verdade. Cuidar da saúde mental é, sem dúvida, o maior compromisso que devemos exercitar todos os dias.
Hoje, o mundo parece uma corrida desenfreada para encontrar equilíbrio entre um passado mais sereno e o presente frenético. Essa busca incessante cria uma pressão avassaladora sobre nossos ombros, como se a sobrevivência fosse a única meta.
Reconfigurar nossas cidades, tornando-as mais humanas, é um passo crucial. E já escrevi sobre a reforma urbana, que devemos perseguir como grande ponto transformador do Brasil. Quem sabe assim será possível retirar a pressão pela mera sobrevivência, oferecendo moradia, ocupação, alimentação e dignidade para todos.
O fardo da existência, que aflige boa parte dos adultos, não deve recair unicamente sobre os ombros dos indivíduos. O sentido amplo de sociedade precisa ser retomado para semear esperança, sonhos, capaz de germinar raízes profundas, no coração de todos. É uma questão de saúde, do fim da ansiedade e tranquilidade mental.
As vidas aparentemente perfeitas nas redes sociais apenas exacerbam a inconsistência da massa, alimentando sentimentos de inadequação. O excesso de medicação para lidar com as dores da vida também se torna uma saída, uma válvula de escape. Uma indústria farmacêutica, alimentícia e de bebidas que envenena a consciência, mas também fornece alívio para as dores não reveladas. As drogas, muitas vezes o desesperador remédio para escapar das dores mais dilacerantes, se tornam armadilhas que destroem o indivíduo por dentro. É um ciclo cruel que precisa ser quebrado.
Em um mundo onde a dor e a solidão se ocultam atrás de máscaras virtuais, a campanha deste ano do Setembro Amarelo ressoa como uma sirene de alerta: “Se precisar, peça ajuda!” Devemos ficar atentos aos sinais emitidos por aqueles que convivemos: isolamento, desesperança, doenças psiquiátricas não tratadas, conteúdo negativista nas redes sociais, abandono de planos futuros e atitudes perigosas podem representar gatilhos, pedidos de ajuda silenciosos.
O Setembro Amarelo foi um chamado à compaixão e à solidariedade, pois, a verdadeira humanidade reside em nossa capacidade de cuidar uns dos outros. “Se precisar, peça ajuda!”
Tarciso Souza, jornalista e empresário
Seja o primeiro a comentar