Narrativa. Esta é uma palavra que ganhou muita força nos últimos cinco anos e coloca o jornalismo em cheque. Um mesmo fato pode sim ter mais de uma ou até mesmo várias versões, mas elas não podem fugir da verdade, pelo bom jornalismo.
A disputa das narrativas virou um embate entre grupos de direita e esquerda no Brasil – no mundo, na verdade. Cada um querendo colocar a “sua verdade” nesta terra de ninguém que são as redes sociais.
A mais recente diz respeito a questão dos indígenas de José Boiteux. O governador Jorginho Mello (PL), que semanas antes afirmava ter construído um acordo com as lideranças para atender suas reivindicações, chegou no sábado nas terras indígenas com a tropa de choque da Polícia Militar na barragem de José Boiteux, para garantir o fechamento de duas comportas que fizeram que Blumenau não fosse ainda mais castigada pela enchente. Clima de tensão durante a noite e madrugada, confronto no começo da manhã de domingo.
No domingo, o Governo do PL diz que cumpriu o acordo e mostrou as cestas básicas – um dos itens solicitados – chegando com os caminhões do exército. Também distribuiu fotos entregando as cestas para um grupo de indígenas.
Mas outros indígenas, com apoio de movimentos sociais ligados ao PT e outros partidos de esquerda, dizem que a comida não chegou e pedem ajuda para arrecadação de donativos. Representantes do Ministério dos Povos Originários e da FUNAI foram até a reserva e dizem que os indígenas estão desassistidos. Nesta segunda-feira, durante a reunião, gravaram um vídeo com o Cacique Setembrino, que é apresentado como a principal liderança, que fala que não receberam as cestas básicas e pede outros itens como roupas. Mas ele admite que pelo menos duas aldeias receberam, de um total de nove.
Esta é uma outra realidade. São nove aldeias e assim como o homem branco, lá também há divergências, contradições e busca de espaços de representatividade.
Como o Informe Blumenau disse em outras postagens, PT e PL, PL e PT, que tem a chave do cofre e dos corações de muitos eleitores, precisam resolver esta questão. Estão nos lugares certos, na hora que tem que ser.
E sem narrativas, com fatos concretos que atenda o conjunto dos indígenas.
Porque a população precisa sustentar os “ditos” índios?