Poderíamos começar esta conversa afirmando que empreender não tem sexo. Ao apresentar as características do que seja o ato de empreender, a academia, os livros, em geral, não se atêm as diferenças práticas da vida real. Quem empreende não desiste, é corajoso, corre riscos, tem iniciativa e muitas outras características. No mundo prático, do dia a dia, as pesquisas mostram que, pelo menos no Brasil, as mulheres vivem um universo de superação, quando se lançam no empreendedorismo.
Os dados afirmam que as mulheres são mais escolarizadas, mas nem por isso, possuem salários equiparados aos dos homens. Elas possuem carga redobrada de trabalho, pois mesmo à frente de uma empresa, precisam cuidar da casa e dos filhos. Isso por si só é o retrato dos lares brasileiros, onde as donas de casa precisam ter habilidade multitarefas.
Uma realidade que vem aos poucos sendo modificada, mas que ainda precisa de muito trabalho, de políticas públicas específicas para que a mulher consiga se sentir reconhecida diante de uma sociedade cada vez mais exigente. O governo Lula instituiu como obrigatória a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens para a realização de trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função. Um esforço que pactuamos e que pode ajudar a mudar, que exige um esforço conjunto em várias frentes, pois são anos de uma cultura vigente que destina à mulher uma responsabilidade que não é sé dela.
As primeiras creches só surgem no Brasil no início do século XX. Até então, as mulheres sequer tinham esta opção para exercer o Estado Democrático de Direito. O visionário poeta Mario de Andrade, um defensor da criança-cidadã, soube reconhecer uma nação ao defender os chamados parques infantis. Em uma única atitude, criou para o Brasil o conceito de um país que para se desenvolver precisa cuidar das suas crianças e, consequentemente, das suas mães.
Atualmente, 10 milhões de brasileiras são donas do próprio negócio, gerando emprego para outras mulheres, trazendo inovação, capacitação e liderança para o mercado nacional. Elas respondem pela renda familiar, cuidam de seus filhos, são as chamadas arrimo de família. Já avançamos muito. O desafio agora é disseminar a autoconfiança e a importância de se reconhecer o papel das mulheres, seja no mercado de trabalho, na política, seja dentro de casa. O respeito, a inclusão e a dignidade são valores essenciais que não podemos nunca abrir mão.
Como vice-líder do governo na Câmara e membro da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa, este ano, protocolei um projeto de lei para impulsionar pequenos negócios de mulheres e mães empreendedoras, com a proposta de criar uma plataforma digital de economia colaborativa. Juntas vamos encorajar, inspirar e chegar muito mais longe.
O empreendedorismo feminino é uma oportunidade de empoderamento econômico, trazendo a possibilidade da independência financeira para mulheres em todo o Brasil, para as que empreendem e para as que são empregadas por elas.
Ana Paula Lima, deputada federal
Seja o primeiro a comentar