O deputado federal André Janones (Avante) foi denunciado à Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto esquema de rachadinha. A acusação inclui uma gravação em que, após as eleições para a prefeitura de Ituiutaba, interior de Minas Gerais, ele diz: “tem algumas pessoas aqui, que eu vou conversar em particular depois, que vão receber um pouco de salário a mais e elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito”.
No último dia 28, Janones respondeu em suas redes sociais: “eu (quando ainda não era deputado), disse pra algumas pessoas (que ainda não eram meus assessores) que eles ganhariam um salário maior do que os outros, para que tivessem condições de arcar com dívidas assumidas por eles durante a eleição de 2016. Ao final, a minha sugestão foi vetada pela minha advogada e, por isso, não foi colocada em prática. Fim da história”.
Para quem acompanha a política nacional, antes de 2022, ele era um desses parlamentares de pouca expressão, mas bastante popular na internet. Só não era chamado de “Centrão” porque não tinha fama o suficiente para isso. Entretanto, por saber tirar proveito das polêmicas que criava, foi convocado para a campanha de Lula. Como em muitos setores desse governo, trata-se de uma aliança de conveniência que, nesse caso, equilibrou a luta nas redes sociais.
Embora seja um aliado valioso, com um áudio como esse, virou o que muitos chamam de “homem radioativo”: quem encostar nele morre junto. Porém, deu sorte porque a história se tornou pública em meio à divulgação do PIB, um pouquinho melhor do que o esperado, além da tradicional correria antes do recesso parlamentar.
Se sobreviver até a volta dos trabalhos, ano que vem, pode encontrar algum caminho alternativo, como ocorreu com o ex-deputado estadual Fernando Cury (União). Em 2020, ele foi filmado colocando a mão nos seios da ex-deputada Isa Penna (PCB), durante sessão da Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP). Enquanto a história se desenrolava, conseguiu terminar o mandato, evitando a cassação. Na última quarta-feira (6), saiu a condenação: 1 ano, dois meses e 12 dias em regime aberto, pena convertida em multa de R$ 26.400 e prestação de serviço comunitário. Foi condenado, mas saiu barato.
Tensão no norte
Enquanto a Venezuela vive a expectativa de levar pobreza à Guiana Francesa, obrigando o Brasil a aumentar o número de militares em Roraima, estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) apontou que o Amazonas é um dos estados com mais interrupções de luz. Talvez por isso, o governador Wilson Lima (União) teve uma ideia brilhante: uma das maiores empresas do mundo é a Amazon e ela precisa pagar a nobre região brasileira para usar esse nome.
Se a moda pega, Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, já pode crescer o olho para cima de todos os restaurantes chamados “Sabor Mineiro” ou “Tempero Mineiro”. Para o Rio Grande do Sul, seria a solução para sair do buraco porque o que não falta é “Churrascaria do Gaúcho” por esse país calorento e colorido.
Para os mais engraçadinhos, desse jeito, o governador do Amazonas está perdido. Em primeiro lugar, Wilson é o nome de uma famosa marca de artigos esportivos e o seu sobrenome, Lima, é também o nome da capital do Peru. Se for assim, o negócio é fazer como o ex-presidente, Jair Bolsonaro, e chamar os filhos de 01, 02, 03 e 04. Bem mais barato.
Fernando Ringel, jornalista e professor universitário
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