Opinião | Santa Catarina e as Instituições inclusivas

Foto: PMB/Reprodução

Em algumas outras colunas escritas neste importante espaço, foram trazidos vários elementos que caracterizam o estado de Santa Catarina como singular em relação a muitas outras unidades da federação. Seja em aspectos econômicos ou sociais, os catarinenses se destacam em meio a um país controverso e desigual.

As instituições catarinenses, sejam elas políticas ou econômicas, possuem uma característica ímpar e o que reforça este argumento é que são poucos os casos sabidos de desvio de conduta ou exploração somente, do espaço de poder ou meio de produção, o que torna as nossas instituições, inclusivas, na sua maioria.

O fato citado no parágrafo anterior tem um efeito inevitável para a economia e a política do estado, bem como para as suas instituições em geral. Já falamos aqui neste jornal em outros momentos sobre isso, a partir do resgate histórico de nossa colonização e ocupação territorial. Se analisarmos Santa Catarina e as suas instituições nos últimos 42 anos, podemos ter alguns exemplos tácitos de que essas afirmativas se comprovaram.

Um aspecto importante nas últimas quatro décadas, é a alternância de poder entre os grupos políticos que dominam os processos eleitorais no estado e que, portanto, não caracterizaram o fortalecimento oligárquico, predominante nas décadas anteriores. Portanto, de 1982 para cá, houve disputas acirradas, muitas com uma animosidade exaltada, porém sem intercorrências violentas ou de verborragia que caracterizam hoje a polarização em nível nacional.

Este diferencial caracterizado, também prevalece nas instituições econômicas, no judiciário, os quais obviamente possuem problemas, mas não existem decisões jurídicas ou meios de produção privados que não tenham, na maioria de suas ações, oportunizado a população a cidadania ou em oportunidades profissionais.

Este cenário privilegia os catarinenses e os nossos migrantes e imigrantes que hoje integram a sociedade catarinense. Portanto, a história de Santa Catarina, sua territorialização, a desconcentração econômica para todas as regiões do estado, fizeram com que o estado tenha criado instituições inclusivas, o que se caracteriza com o Desenvolvimento social e econômico, já citado aqui através do índice de Gini do estado 0,419 IBGE – a média nacional é de 0,518, segundo o mesmo instituto. Esse cenário demostra que o nosso histórico, capital social e instituições inclusivas, na sua maioria, nos torna menos desigual em relação ao cenário nacional. Santa Catarina ainda possui muitos desafios, porém, a realidade, independentemente de espectro político no poder, como demonstrado, é animadora.

Professor Leonardo Furtado da Silva, doutor em Desenvolvimento Regional

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