No post anterior, falamos sobre o mercado de carbono como uma commodity do futuro, e mostramos sua origem, características e regulamentação. Nesse artigo comentaremos sobre as formas de participar e de se investir nesse mercado em franca expansão no Brasil e no mundo.
O mercado de carbono não é apenas uma ferramenta essencial na luta contra as mudanças climáticas, mas também se estabelece como um promissor instrumento financeiro. Neste mercado, créditos de carbono são tratados como commodities, onde cada crédito representa uma tonelada de CO2 que foi evitada ou removida da atmosfera.
Investidores, sejam empresas ou indivíduos, podem comprar e vender esses créditos, beneficiando-se das variações de preço, assim como ocorre com ações e outros ativos financeiros. Este processo proporciona uma oportunidade única de aliar retorno financeiro com impacto ambiental positivo.
Portanto, o sistema financeiro desempenha um papel importante nessa mudança, pois tem a capacidade de direcionar capital para investimentos que promovam a descarbonização da economia e incentivem a adoção de alternativas mais sustentáveis.
Uma das maneiras diretas de se envolver é comprar créditos de carbono de projetos que reduzem as emissões. Os consumidores podem comprar créditos de carbono para compensar emissões de gases de efeito estufa como viagens de avião ou uso de eletricidade por meio de várias plataformas online que facilitam essa transação.
Outra opção, é a compra de cotas de fundos verdes, que são fundos de investimento que destinam recursos a projetos e empresas que tenham um impacto positivo no meio ambiente.
A principal preocupação nos fundos relacionados ao mercado de carbono é reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2). Esses fundos investem em empresas que desenvolvem projetos que reduzem ou eliminam as emissões de carbono. Esses projetos incluem plantio de árvores, investimento em energias renováveis, captura e armazenamento de carbono, entre outros.
Os índices, que compilam o retorno desses contratos, são outra forma de investir. A agenda ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa) é representada por dois índices na bolsa de valores do Brasil (B3): o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 (ISE B3) e o Índice de Carbono Eficiente da B3 (ICO2 B3).
Esses índices são usados como referências para alguns ETFs (Exchange Traded Fund), um tipo de fundo de investimento que é negociado em bolsa de valores, assim como uma ação, que o investidor pode encontrar em uma corretora de valores.
O objetivo dos ETFs é replicar o desempenho de um índice ou segmento de mercado específico. Em outras palavras, os ETFs consistem em uma carteira de ativos subjacentes, como ações, títulos, commodities e outros ativos financeiros.
No caso, um ETF sobre carbono consiste em ativos relacionados ao mercado de carbono, como empresas que desenvolvem projetos de energia renovável, tecnologias limpas, eficiência energética e empresas de captura, armazenamento de carbono, entre outros.
Também, as empresas geradoras de crédito de carbono, que atuam em setores como petrolífero, siderúrgico, de transporte, de aviação, dentre outros, são uma boa oportunidade de investimento, já que elas acabam lucrando com a venda do crédito valorizado.
Outra oportunidade de investimento neste mercado são os títulos de dívida de renda fixa verdes, conhecidos como “green bonds”. Esses títulos são usados para financiar projetos ambientalmente sustentáveis. Eles são semelhantes a outros títulos de dívida, mas têm a característica específica de serem destinados a investimentos verdes.
Assim, os investidores têm a oportunidade de comprar títulos ambientais com o objetivo de apoiar projetos que promovam a sustentabilidade, obter um retorno financeiro e aumentar a diversidade de seus portfólios.
Nos tempos atuais, com o crescente interesse global por sustentabilidade e as políticas ambientais mais rígidas, a demanda por compensações de carbono está aumentando, o que tende a elevar os preços desses créditos.
O mercado de carbono representa uma oportunidade dupla: contribui significativamente para a luta contra o aquecimento global e oferece aos investidores uma opção de diversificação de portfólio com potencial de apreciação.
Portanto, ao entender e participar desse mercado, investidores têm a chance de desempenhar um papel ativo na transição para uma economia mais verde, enquanto aproveitam oportunidades de investimento que aliam retorno financeiro a um impacto ambiental positivo.
Jorge Amaro Bastos Alves, economista
Seja o primeiro a comentar