No Dia do Orgulho Autista, comemorado em 18 de junho, a palestra “A inclusão de pessoas autistas: uma jornada pessoal e acadêmica”, com o presidente da Associação Nacional para inclusão das pessoas autistas, o professor e advogado Guilherme de Almeida Prazeres, que é autista, abriu a 3ª edição do Simpósio Internacional de Inclusão no Ensino Superior. O evento, promovido pelo Parlamento nesta terça (18) e quarta-feira (19), no Auditório Deputada Antonieta de Barros, no Palácio Barriga Verde, em Florianópolis, reuniu especialistas, autoridades estaduais, familiares, amigos e ativistas da causa.
A iniciativa, proposta pelo presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), em parceria com a Escola do Legislativo e com o apoio da Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas, centrou o debate no tema “Acessibilidade e Tecnologia: Promovendo a Inclusão no Ensino Superior”.
Realidade
Em uma sala com 36 alunos, ao menos um será autista. O número segue uma estimativa divulgada pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (da sigla em inglês CDC), que já há quatro anos apontou um aumento na prevalência de crianças com essa condição. O problema é que, segundo especialistas, embora o aumento fosse esperado, a capacitação dos profissionais de educação não acompanhou o mesmo ritmo.
Desafios
Esse é um dos muitos desafios para a inclusão social de pessoas diagnosticadas com o transtorno do espectro autista (TEA) no contexto educacional, reconheceu o deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB). Para ele, esse fórum de discussão quer justamente dar visibilidade a essa realidade visando a construção coletiva de políticas inclusivas cada vez mais efetivas para a sociedade. “Esse debate é de extrema importância. Porque juntos iremos edificar ideias e ações para avançarmos ainda mais em Santa Catarina”, disse.
Para ele, esse evento será um marco significativo para a inclusão e a acessibilidade, visando a igualdade de oportunidades no âmbito acadêmico. “Além de refletirmos sobre o progresso histórico na inclusão, a proposta é desafiar as estruturas remanescentes que perpetuam a exclusão no ensino superior”, avaliou.
Detalhe interessante é que a maioria dos palestrantes que foram convidados para ministrar no evento são pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, informou.
Diagnóstico tardio
Ativista em educação inclusiva, o professor Guilherme de Almeida Prazeres descobriu aos 37 anos sua condição de autista e virou um defensor da causa. Ele confessou que o diagnóstico tardio mudou a sua vida. “Desde os oito anos eu fazia terapia porque apresentava um diagnóstico de depressão”, conta, lembrando que a transformação aconteceu durante o período em que cursava mestrado em educação e direitos humanos na Unicamp. “Foi um divisor de águas”, relata.
Hoje, Guilherme realiza eventos pelo Brasil para conscientizar sobre o diagnóstico tardio e a importância do acesso ao ensino. Para ele, o maior desafio é o preconceito. “Existe uma expectativa negativa das pessoas em razão da deficiência ou do autismo. As pessoas sempre que ouvem falar que alguém é autista, comentam “nossa, coitado”. “Na verdade, o difícil é a falta de aceitação da sociedade com o que é diferente”, avaliou o palestrante. Para ele, a expectativa é que os educadores e os grandes realizadores de políticas públicas tenham a compreensão de que a pessoa com autismo não é um problema. “Os problemas é que derivam da falta de condição para os educadores e são eles, os educadores, que a gente tem que fortalecer para façam o seu trabalho”, opinou.
Ainda encerrando a agenda da manhã, o palestrante Silvano Furtado da Costa e Silva destacou o tema “Os efeitos da Política de Acessibilidade Pedagógica (PAP)”.
Programação:
Terça-feira (18)
13:30h Palestra – Mercado de Trabalho: Ação para a Inclusão Tony Marcos Toldo
14:30h Palestra – O Desenho Universal de Aprendizagem como Estratégia de uma Educação Inclusiva Eladio Sebastian Heredero
16:00 Palestra: Inclusão não é favor nem bondade: é direito! Juliana Izar da Fonseca Segalla
17:00 Mesa-Redonda I – Interseções: Diversidade e Inclusão
Quarta–feira (19)
9:00 Aprendizado, Desenvolvimento e Inclusão de Pessoas Autistas Pedro Lucas Costa e Lopes de Lima
10:00 Mesa-Redonda II – Experiências Exitosas em Santa Catarina
11:00 – A Importância do Atendimento Educacional Especializado Francisca Geny Lustosa
13:00 – Equal Web: Acessibilidade Digital como Imperativo para Inclusão – Ricardo Hechtman
14:30 Acessibilidade e Emancipação Social: por uma vida anti capacitista – Cindy Dalfovo
16:00 Abraçando o mundo – Sebastião Mendes de Oliveira
17:00 Concessão do Selo “Todos Nós” para a UFSC
Fonte: Alesc
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