Eleições 2024 | Por que quero ser prefeita: Rosane Magaly Martins (PSOL)

O Informe Blumenau veicula artigos com a resposta para a pergunta “Por que quero ser prefeito (a)?” dos candidatos à Prefeitura de Blumenau.

Este é de Rosane Magaly Martins, do PSOL.

Por que quero ser prefeita?

Eu amo Blumenau, a cidade em que nasci. Meus avós maternos chegaram em Blumenau na década de 50, pobres, com cinco filhos pequenos, e tiveram como primeira “casa” a Figueira da Prefeitura, onde depois de alguns dias foram ameaçados e expulsos do lugar por fiscais municipais. Com medo, moraram por algumas semanas embaixo da Ponte da Sul Fabril, foram alimentados por esmolas dos blumenauenses e do leite fornecido pelo Governo de SC. Meu avô conseguiu emprego e alugou uma pequena edícula na Favela Farroupilha, na Ponta Aguda. Minha infância foi marcada pelos relatos sofridos de meus tios e minha mãe, sobre este dramático episódio na vida de nossa família. 

Meus pais – Nelita e Alvary, se casaram e foram morar numa pequena casa de madeira – alugada, no final da Rua Grevsmuehl, no bairro da Glória, na encosta de um morro que era habitado por famílias em situação de pobreza como a minha. Trabalharam muito e uma vida toda numa só empresa: ela como costureira da Hering e o pai como tecelão da Artex. Não tínhamos transporte público, e usavam a bicicleta para ir para o trabalho. Foi uma infância dura, difícil, marcada por alimentação restrita, poucos recursos para roupas e calçados, mas cercada de muita proteção, ética e amor e me diziam sempre que eu deveria me dedicar aos estudos, como forma de transformar minha vida. 

Constitui família, vivo com o meu companheiro Valério, sou mãe de duas filhas e um filho (Geórgia, Jeanne e Tiago) e minha netinha Olívia, meus tesouros preciosos, aos quais transmiti a herança recebida: honestidade, ética e nunca abandonar nossas raízes, honrar o lugar de onde viemos – pessoas pobres filhos de trabalhadores. Com muito esforço tenho agora Geórgia finalizando seu Doutorado na UFSC, Jeanne mestre em teatro na UDESC e Tiago, psicólogo que hoje atua junto a uma empresa de TI. 

Ao longo dos 62 anos de minha vida trabalhei e ainda trabalho muito: comecei aos 13 anos como auxiliar em escritório de contabilidade, depois trabalhei no comércio, e como jornalista por mais de 10 anos, primeiro no Santa e depois na assessoria de sindicatos de trabalhadores da região. Só depois dos 31 anos consegui pagar e concluir o curso de Direito, na FURB, onde me formei sendo a oradora da turma de quase 100 colegas. A paixão pelo Direito, pela defesa das pessoas, das mulheres e aqueles que necessitam de Justiça em suas vidas. 

Desde a década de 80 me envolvi em movimentos sociais, em busca de melhoria para a vida das pessoas que vivem nesta cidade, desde o movimento estudantil, movimentos sindicais, movimento cultural, lutas feministas em busca de igualdade entre homem e mulher, e mais recentemente, e em defesa da diversidade, já que tenho uma filha transexual.  

Fiz duas pós-graduações, em Gerontologia, na FURB e em Gestão Pública no México, quando fui a única brasileira selecionada para a especialização oferecida pela Organização Panamericana de Saúde para a América Latina. Ao longo dos anos publiquei 15 livros, desde poesia, contos, crônicas, livros técnicos sobre envelhecimento humano e em Educação. Fui professora universitária no curso de Direito e em pós-graduação em Saúde Pública, pela Fiocruz. Sempre doei meu tempo e minha vida no diálogo com movimentos sociais. Recentemente conclui Mestrado em Educação, na FURB. Sou conselheira do Conselho Municipal de Saúde de Blumenau, presido a ong Mães do Amor, integro a diretoria da ABC Ciclovias e da Acaprena e a Comissão de Direitos Humanos da OAB-Blumenau. Tudo isto me qualifica para ser prefeita de Blumenau.

Toda esta trajetória me constituiu numa pessoa humanista, democrática, engajada e solidária – não com os que mandam na cidade, não com os ricos que aqui vivem, mas ao lado de minha gente. No jornalismo, no Direito e nas lutas sociais entendi sobre o jogo político e sempre relutei muito em concorrer a alguma vaga no legislativo ou executivo. Com o nascimento de minha neta Olívia, há seis anos, senti o chamado para lutas maiores, no campo da política partidária e de posicionamento sobre o que vem acontecendo com minha cidade. Que Blumenau vou deixar para Olívia e as outras crianças que nascem ou vivem no Vale? Portanto, só há quatro anos decidi concorrer à vereadora, à deputada estadual e agora à prefeita, pelo único partido que fez e faz sentido em minha vida: o PSOL, o partido de todas as lutas e todas as gentes.

Portanto, depois de muito diálogo, encontros, seminários e contato com as pessoas que vivem na periferia, o partido e os movimentos acharam que eu deveria enfrentar este desafio, de propor mudanças efetivas para nossa cidade e que possa transformar de fato a vida das pessoas que aqui vivem, sejam elas mulheres, pretas e pardas, indígenas, PCDs, autistas, pessoas LGTQIA+, migrantes, pessoas pobres que ainda vivem em grande dificuldade de sobrevivência aqui em Blumenau.

Nos últimos anos vi a Blumenau atual ser administrada por liberais, que querem privatizar tudo, violar os direitos de pessoas pobres, doentes, numa narrativa que exclui, criminaliza e dissemina o preconceito e a intolerância. Uma administração que investe em obras no centro e bairros ricos da cidade, se esforça em esconder a pobreza do povo. Mostram na propaganda uma Blumenau europeia, maquiam a realidade para atrair turistas e tratam com desumanidade os mais vulneráveis. Sem contar os casos de corrupção no SAMAE já denunciados, a falta de transparência e gestão dos recursos públicos, das campanhas desumanizadoras “não dê esmola”. Sempre que vejo estas placas colocadas pelo prefeito nas ruas de Blumenau meu coração sangra e lembro dos meus avós, que teriam morrido de fome caso chegassem em Blumenau com seus cinco filhos, na atual administração. 

Apesar de se dizerem cristão, não seguem os verdadeiros ensinamentos de Cristo, não repartem o pão, ignoram as dores e sofrimento das pessoas que aqui vivem. Vale lembrar e destacar uma das passagens bíblicas (Mateus 25:35-40): Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. 

Portanto, nossa candidatura tem lado. Tem propostas. Tem projetos. Tem amor. Tem humanidade. Tem solidariedade. Tem ética. Tem inclusão e respeito. Quero ser prefeita de Blumenau, em busca de uma cidade moderna, sem preconceito, diversa, inclusiva. É nosso compromisso acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima, garantindo que as pessoas possam desfrutar de paz e de prosperidade. Que a diversidade e as diferenças edifiquem conosco uma cidade justa e próspera. Por uma Blumenau melhor para todas as pessoas, vamos enfrentar os desafios e seguir em frente por caminho diferente!

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