Opinião | Ranking de Competitividade – parte IV: Capital humano

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O quarto artigo desta Coluna sobre a competitividade de Santa Catarina segue com dados do Ranking do Centro de Liderança Pública – CLP, edição 2024. Depois de sintetizar a correspondência entre Competitividade e Sustentabilidade social, no artigo anterior, falemos sobre a correspondência entre competitividade e capital humano. Por óbvio que pareça, é útil fazê-lo e lembrar que é mais um entre os “pilares” em que o estado de Santa Catarina aparece em primeiro lugar no Brasil.

Capital humano compreende nível de conhecimento, habilidades e competências que compõe a produtividade. Esse atributo cognitivo é armazenado principalmente pela Educação formal. Não obstante, inclui experiência profissional, treinamento, qualificações e níveis de saúde. Assim, a composição do pilar capital humano é feita por “indicadores de qualificação (anos de escolaridade e proporção de trabalhadores com ensino superior) e a relação com a produtividade (dada pela razão entre o PIB e a população ocupada)”.  

Além disso, os indicadores de Formalidade do Mercado de Trabalho, Inserção Econômica dos Jovens, Subocupação e Desocupação de Longo Prazo entram no cálculo. Portanto, o capital humano não depende só da formação educacional e instrucional, mas também de fatores resultantes dele, ou seja, oportunidades de trabalho e empreendimento que ao longo do tempo surgem pelo próprio esforço humano qualificado.

O capital humano é, portanto, um ativo importante ao indivíduo e à economia de toda a Sociedade. Acontece que investimentos em Educação e qualificação aumentam a produtividade e o potencial de renda das pessoas. Pessoas instruídas entendem melhor, se comunicam melhor e são mais ágeis diante de tarefas e desafios. Portanto, são trabalhadores melhores e, não obstante, entre elas surgem mais empreendedores e inovadores, capazes de aumentar renda e gerar novas riquezas e oportunidades.  

Tabela dos 10 primeiros colocados no pilar Capital Humano

1º  2º  3º  4º  5º  6º  7º  8º  9º  10º 
SC DF MS PR RS MT SP MG GO ES

Fonte: CLP 2024.

Quanto mais gente qualificada um estado tem, mais dinâmica é a economia, mais inteligência retém e atrai, mais confiança e autoconfiança é capaz de gerar. Esse é o caso de SC que, ao longo das últimas décadas, tem se destacado pela capacidade de atrair talentos e reter profissionais qualificados, fator decisivo para seu desenvolvimento econômico. E não temo em dizer que é a principal causa da sustentabilidade social – ao invés do Estado provedor.

Foi o capital humano (e social) que construiu as universidades comunitárias, modelo único no Brasil, que interiorizou o ensino superior ante a ausência estatal. Foi por tais iniciativas que Santa Catarina garantiu a mão de obra qualificada à sua indústria e comércio, à tecnologia da informação, ao agronegócio e os serviços. Isso gera um ciclo virtuoso em que o estado atrai investimentos nacionais e internacionais, criando um ambiente de inovação e empreendedorismo.  

Além disso, a qualificação da mão de obra catarinense tem sido fundamental ao crescimento das pequenas e médias empresas, impulsionando o surgimento de novos negócios. Isso está consolidando Santa Catarina como o estado mais próspero do Brasil. A capacidade de gerar confiança em investidores e de estimular a autoconfiança em seus cidadãos reforça a resiliência econômica de Santa Catarina. 

Mesmo em momentos de crise, o estado consegue manter um nível elevado de competitividade, algo que as estatísticas evidenciam e o ranking do CLP comprova. É a diversidade da nossa economia, resultado do empreendedorismo, desde os pequenos negócios que se tornam grandes, empregam e exportam, até a diversidade de conhecimentos canalizados na produção. Nos primeiros nove meses deste 2024, fomos o estado que mais empregou estrangeiros, acima de 15 mil pessoas, e com carteira assinada – atenção: mais que São Paulo!

Por extensão de tudo, há um quinto elemento, além do capital humano e que os índices convencionais não contabilizam. Ele é de difícil mensuração e, provavelmente por isso, negligenciado nas análises econômicas e sociológicas. Mas não é desconhecido e, no caso catarinense, é a principal causa geradora do nosso capital humano. Diz respeito à educação informal, isto é, aos valores, costumes, à mentalidade coletiva, ao etos, e que denominamos capital social – assunto do nosso próximo artigo sobre competitividade catarinense.

Walter Marcos Knaesel Birkner, sociólogo, autor de Sociologia Produtiva (Arqué, 2024)

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