O ranzinza e o jornalismo

Alexandre Gonçalves

Jornalista

 

Tenho 52 anos de idade. Mais de meio século. Mas já tive 15, 23, 27…

Formei-me em jornalismo com 24 anos, quando também comecei a trabalhar na área. São 28 anos de profissão.

Incomoda-me esta discussão do “velho jornalismo” para o “novo jornalismo”.

Sou um ranzinza, admito.

Mas muito aberto e reflexivo. Principalmente inquieto e incomodado.

Sou do “velho jornalismo” e tento entender o “novo jornalismo”. Busco espaços, observo oportunidades. Tentativa e erro.

Experiências nunca podem ser excludentes. Servem de acúmulo, de conhecimento, de aprendizado.

Não são verdades “absolutas”, mas precisam ser levadas em conta.

O jornalismo destes nossos tempos, regidos pelas redes sociais, está em ampla transformação, com impactos inevitáveis no mercado da comunicação.

Mudou a lógica “emissor- receptor”, passamos a ser “emissor-emissor”. Qualquer um.

A tecnologia ampliou as possibilidades e virou nossa profissão de cabeça para o ar.

Melhor? Pior?  Não é possível afirmar. Ainda. E sempre dependerá do ponto de vista.

Mas é preciso entender o que acontece no momento, para vislumbrar as possibilidades futuras, sem esquecer as raízes.

Importante entender os novos tempos, sem abstrair os caminhos construídos.

Acompanho publicações e palestras deste pessoal do “novo jornalismo”.

Como nesta quinta-feira, 6, em evento muito bacana na Associação de Imprensa do Médio Vale do Itajaí, Assimvi, em parceria com a FURB.

Gostei muito do que ouvi. Tenho clareza que os caminhos são esses. Quero descobrir mais.

Por outro lado, ouço muito sobre forma, sobre entrega, e menos sobre conteúdo. Prevalece a superficialidade da Internet. Ou seria dos novos tempos?

Mídia Social virou jornalismo.

Eu aqui, com mais de meio século de vida, lembro de participar de manifestações pelo fim da Ditadura Militar. Sim, parece incrível, mas minha geração demorou um pouco para escolher seus políticos.

Nasci no ano que surgiu a Rede Globo, articulada para legitimar o regime militar.

A minha geração viu a televisão sair da transmissão em PB para colorido e trabalhei ativamente na implantação do sistema digital de uma emissora de TV, a RICTV, um salto de qualidade excepcional.

Percebi as dúvidas do rádio e acompanhei a ascensão e queda de jornais e revistas impressos.

Vi a substituição do fax pelo email lá por 1995 na RBSTV Blumenau, quando deixei as máquinas de escrever para mexer em computador. Por conta do vínculo com a RBS, fui um dos primeiros a ter aparelho de celular, nesta época.

Era um luxo, uma novidade.

Há dois anos, por conta das circunstâncias, enveredei no campo do “novo jornalismo”, na Internet.

Tateando, tentando, experimentando. Acertando e errando.

Mas praticando o mesmo jornalismo de sempre, que também é base da minha formação pessoal. Sempre agregado a novos conhecimentos, aptidões e necessidades.

Esta é a mensagem que quero passar neste dia do jornalista. O momento é outro, mas os preceitos são os mesmos de sempre.

Curiosidade, paixão, inquietude, vocação, sensibilidade social, respeito, ética, profissionalismo são alguns requisitos para os jornalistas.

Temos que pegar a estrada do futuro sem esquecer o retrovisor.

imagem: site Monitor Investimento

3 Comentário

  1. Alexandre,

    A inovação é importante , sem esquecer o passado, mas a legitimidade e a transparência no jornalismo tem tem idade , o que vale mesmo é ter idoniedade e
    manter-se fiel ao jornalismo sério .

  2. Sr. Alexandre Gonçalves:

    Dando-lhe os parabéns pelo seu dia e desejando-lhe muito sucesso, comento – permita-me – esta sua frase:

    “Incomoda-me esta discussão do “velho jornalismo” para o “novo jornalismo”.”

    Informe apenas!

    O senhor criou o “Informe Blumenau” para informar Blumenau…

    Então, informe esta cidade de Blumenau.

    Informe apenas!

    E comente, porque não?

    E opine, porque não?

    Adote a frase “A simplicidade é o último degrau da sabedoria”.

    E não acredite na frase: “Nada substitui o talento”.

    Acredite, sim, nesta frase: “Nada substitui a persistência!”

    Alcino Carrancho

    Aproveitando, permita-me:
    O que me aborrece quando me torno missivista do seu jornal é a demora da sua equipe em liberar os meus comentários.
    Salvo melhor análise, não percebi cerceamento às minhas opiniões…
    Não gostaria de sofrer qualquer tipo de censura, assim como o senhor não gostaria, valeu?
    Se alguma pessoa se sentir incomodada, aceitarei réplica, tréplica e o que mais vier

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