Aroldo Bernhardt
Professor
As últimas notícias que permeiam todas as mídias (e rodas de conversa) atingem duramente as duas instituições do poder, real e formal – Mercado e Estado. Uma verdadeira hecatombe política e econômica trouxe à tona detalhes de relações pouco republicanas entre agentes dos dois lados.
Embora não sirva de consolo à perplexidade e desesperança que brota em nossas almas aflitas, o fato é que a corrupção tem uma característica central, a sua ubiquidade. Organizações não são corruptas, as pessoas é que o são. Por isso a corrupção está onde estão os humanos. É atemporal e onipresente.
A União Europeia, por exemplo, divulgou que em todos os países membros a corrupção, provoca perdas de cerca de € 120 bilhões ao ano. Os chineses estão preocupadas com o aumento da corrupção no país.
O professor Jason Hickel, da London School of Economics, revelou que o problema da evasão fiscal nos países desenvolvidos chega a US$ 1 trilhão, o que é 25 vezes o valor da corrupção nos países em desenvolvimento.
Voltando ao Brasil. Obviamente a Nação espera que a Justiça prevaleça, com todos os seus ingredientes. Direito à ampla defesa, sem seletividade, sem impunidade, enfim que os parâmetros legais sejam respeitados.
Particularmente temo pela tendência de interpretação criativa da lei, tão em voga ultimamente, bem como com a manipulação das informações, dando a conteúdos semelhantes formatos diferentes e repletos de intencionalidade.
Igualmente preocupante é o uso do tema da corrupção, no momento em que o povo se encontra fragilizado pela perplexidade e descrença, para incutir no imaginário da nação que miraculosamente surgirá um “salvador da pátria” para reestabelecer a “Ordem” e o “Progresso”. A História está repleta de episódios desse tipo.
A Nação carece de reformas institucionais profundas e renovadoras. A começar por uma nova Constituição, que elimine as ambiguidades desse presidencialismo de coalizão, que restaure a Política, que viabilize um Judiciário, moderador entre os demais poderes e que proteja a cidadania, que enseje um sistema tributária mais justo e equânime.
A saída para os problemas da Democracia é ainda mais Democracia.
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