A frase foi dita em Blumenau por Timothy Ireland, coordenador da Cátedra da Unesco em EJA. Ele foi o primeiro palestrante do seminário promovido pela FIESC e outras federações empresariais de Santa Catarina, chamado de “Educação de Jovens e Adultos: construindo um ecossistema para uma atuação em rede”.
“Nossa atual agenda de EJA é deficitária, pautada por um modelo de educação compensatória, com forte viés escolar, bastante inflexível em relação ao currículo e com conteúdos irrelevantes”, avaliou o especialista, falando para uma plateia de educadores e lideranças empresariais, no inovador espaço Educação Maker do SESI Blumenau, um local de encher os olhos, onde respira-se inovação e aprendizado.
O presidente da FIESC , Glauco José Côrte, trouxe o tema pela ótica do setor produtivo. “Sabemos o quanto o estudo impacta positivamente na vida das pessoas. Um ano a mais de escolaridade aumenta em 15% a renda de um brasileiro”, afirmou Glauco, apresentando dados preocupantes. 725 mil trabalhadores catarinenses, cerca de 33% do total, não tem a escolaridade básica.
Quem abriu o seminário foi o vice-presidente regional da FIESC para o Vale do Itajaí, Ronaldo Baumgarten. “Não é admissível que em pleno século 21, na era do conhecimento, a sociedade conviva com altos índices de analfabetismo funcional e pouco conhecimento científico, linguístico e tecnológico”, disse Baumgarten.
O secretário estadual da Educação, Eduardo Deschamps (PSD), também participou e fez uma auto-critica. “Se nós educadores fizéssemos nosso papel na idade regular, a EJA não existiria. Em algum momento da sua trajetória, esse estudante se perde no processo de aprendizagem: é quem reprova, quem desiste. Ele evade porque não vê valor naquilo que está aprendendo para a vida dele”, disse o ex-reitor da FURB.
Com tantas evidências, as entidades empresariais assinaram termo de cooperação oficializando a parceria para ampliar a oferta de educação de jovens e adultos no Estados, a partir de uma plataforma de geolocalização disponível no site www.scpelaeducacao.com.br, onde será possível a qualquer estudante encontrar a escola de educação de jovens e adultos mais próxima. Todas as escolas ofertantes serão indicadas nessa plataforma.
Serão oferecidos cursos em 201 municípios, somando 421 estabelecimentos em que as aulas são realizadas.
O SESI já oferece uma metodologia que alia conhecimentos à experiência de vida do próprio aluno e atende 16 mil trabalhadores com cursos de educação básica. Outra proposta da escola é a EJA Profissionalizante, uma nova metodologia que alia a matriz curricular do novo ensino médio (por área do conhecimento e por competências) concomitante com a qualificação profissional do SENAI, que permite ao aluno concluir o ensino médio em até 12 meses. Dentro desta proposta, o SESI vai oferecer 1.680 novas vagas para trabalhadores da indústria.
Seja o primeiro a comentar