O ex-prefeito de Blumenau, Renato Vianna (PMDB), escreveu um texto em suas redes sociais onde faz um apelo ao atual prefeito Napoleão Bernardes (PSDB), para que reveja a construção da Ponte do Centro no local planejado e com o edital aberto.
Vianna faz uma pequena confusão sobre o traçado da nova ponte, mas nada que comprometa o raciocínio.
Pois é. Recentemente Napoleão criou um Comitê de ex-prefeitos, para debater questões relacionadas a cidade. Se o debate for a localização da ponte, talvez tenha que rever seu projeto.
Segue o texto de Renato Vianna.
Renato Vianna
Ex-prefeito de Blumenau
Tenho acompanhado o esforço do Prefeito Napoleão Bernardes, na sua diária e obstinada luta em promover uma gestão pública responsável e moderna. O enfrentamento dos principais desafios que comprometem a infra estrutura urbana, em especial a malha viária central, tem exigido do jovem Prefeito e de seus colaboradores uma dedicação permanente na conclusão de corredores de ônibus e de serviços, garantindo maior fluidez ao trânsito na ligação centro – bairros.
Não só o prolongamento da Humberto de Campos, a parceria com o Governo Estadual para a conclusão da SC-108, propiciando alternativa viária segura em direção ao Distrito de Vila Itoupava e aos municípios vizinhos de Jaraguá do Sul, Massaranduba e Luiz Alves, a pavimentação da rua Hermann Lange, no bairro Fidélis, a construção da ponte ligando o Badenfurt, pela rua Heinrich Hemmer, à Rua Bahia, são exemplos que revelam o seu compromisso com as soluções adequadas para minimizar os efeitos desgastantes dos gargalos do sistema viário que afetam a mobilidade urbana.
Com seus 348.000 habitantes, Blumenau tornou-se uma metrópole de médio porte, referência pelos índices econômicos e de desenvolvimento urbano, e também na perseguição de qualidade de vida para todos os cidadãos.
Se comparada com cidades de porte similar, situadas na Região Sul, Blumenau se destaca como uma das mais desenvolvidas, apesar de todas as dificuldades financeiras provocadas pela crise, que reduz substancialmente o retorno de tributos estaduais e federais, exigindo do administrador público planejamento e preparo constantes.
Recentemente criado, por Decreto municipal o Conselho de ex-Prefeitos, propõe-se a aconselhar e sugerir à Administração Municipal ações e projetos que possam aprimorar as intervenções diárias, responsáveis pelo crescimento harmônico e sustentável da cidade.
É com esse espírito de colaboração que ouso externar a minha convicção sobre o polêmico projeto de construção de mais uma ponte sobre o rio Itajaí-Açu, na área central.
Além do projeto anterior, encaminhado ao BID, para financiamento de longo prazo, de uma ponte ligando a rua Rodolfo Freygang à rua Chile, no bairro Ponta Aguda, e implantação de uma via de escoamento, paralela à rua República Argentina, restaria ainda, como alternativa, a duplicação da atual ponte Victor Konder, localizada defronte da Havan, ligando e duplicando desde o início da rua República Argentina, na margem esquerda, sem o ônus de uma desapropriação imobiliária onerosa, pois o maior trecho ainda não foi comprometido com a construção de casas e edifícios.
É incontestável o desejo de todos os blumenauenses na construção de mais pontes, estrategicamente localizadas ao longo do Itajaí-Açu. Quanto mais pontes, mais opções serão disponibilizadas ao deslocamento de veículos e pessoas.
Infelizmente o IPUB foi extinto. Atuante, teria contribuído para a escolha criteriosa e definição mais adequada da nova ponte.
Além da manifestação da Câmara de Vereadores, FURB, ACIB,CDL,OAB, Sindicados e Associações de representação de classes, em especial da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Vale do Itajaí, seria aconselhável a realização de audiências públicas, com a participação de todos os segmentos da sociedade, principalmente daqueles atingidos pelos reflexos da alteração de um sistema viário de tamanha envergadura.
Ainda, não menos importante na ordem dos argumentos levantados, entendo que se persistir o projeto original, a nova ponte ligando a Rua das Palmeiras à Rua Paraguai, provocaria uma irrecuperável lesão ao sítio histórico mais relevante da cidade, depreciando seu patrimônio e provocando profunda cicatriz na praça Juscelino Kubistchek (a prainha), degradando a paisagem mais bela e fotografada da cidade, decantada em prosa e verso desde a fundação da colônia, a curva do Itajaí-Açu.
Sem um levantamento minucioso do fluxo de veículos em diversos horários e seu destino prioritário, correr-se-ia o risco de provocar e transferir um foco de incorrigível congestionamento na confluência das ruas Paraguai e República Argentina.
A liberação recente de alvarás de construção de vários prédios no trecho da rua Paraguai ratificam a ausência de planejamento de médio e longo prazo, no que tange à concepção do projeto de construção da nova ponte, que demandaria como obra indispensável o alargamento da pista de rolamento para segurança e mais fluidez do trânsito.
Por derradeiro, mesmo reconhecendo a nossa sofrível competência técnica, para enriquecer os argumentos ora despendidos valho-me da linguagem do coração, fonte inesgotável dos símbolos mais legítimos daqueles que amam Blumenau e sua gente.
A nenhum de nós é dado o direito de se omitir ou se esquivar ao julgamento implacável do futuro.
Resta-nos o consolo de sopesar com acuidade e bom senso os efeitos e as marcas indeléveis provocadas por uma decisão contestada por tantos blumenauenses, que apesar das divergências propugnam pela justa solução quanto à localização da nova ponte, cujos impactos, em função de erro ou açodamento, deixarão irrecuperáveis cicatrizes na paisagem urbana central.
Quem liberou o alvará do esqueleto do edifício América