Luiz Carlos Nemetz
Advogado
A semana que se encerra foi marcada por uma discretíssima despedida. E como próprio das partidas, essa separação foi marcada por um silêncio ensurdecedor e injusto por parte da comunidade e das entidades do Vale do Itajaí.
Comedidas e humildes como viveram e serviram as irmãs da Sociedade Divina Providência partiram para Florianópolis. Foram embora quase que anonimamente. Encerram suas atividades aqui, mais deixaram uma obra gigantesca de presente para todo o sempre. Os mais que centenários Colégio Sagrada Família e Hospital Santa Isabel. Dois monumentos em dois setores cruciais da nossa vida em sociedade.
O termo e o fim das atividades desta entidade religiosa não podem significar o fim do nosso absoluto agradecimento às centenas de religiosas que dedicaram suas vidas ao serviço dos seus semelhantes. Não há família de nossa região que não tenha passado pelas mãos caridosas dessas mulheres fantásticas que tiveram a grandeza de aqui permanecer, por décadas a fio, enfrentando os mais agudos desafios. Não é sobre saudosismo que me refiro. Faço menção à nobreza divina de exposição aos sacrifícios de dedicar um conjunto de vidas ao bem comum.
A obra e o legado desta sociedade religiosa é impagável. O legado que ficou conosco é integrado por um dos mais respeitados hospitais de alta complexidade do país, sendo referência em múltiplos serviços e especialidades, onde atuam equipes de saúde de reconhecimento e de respeito nacional e internacional. Que o digam o número de transplantes de órgãos que ocorrem no Hospital Santa Isabel a cada ano, para ficarmos num exemplo bem sucinto.
O Colégio Sagrada Família é o responsável pela formação de milhares de jovens, que se espalharam pelo mundo afora. Como se pode deixar de reverenciar, aplaudir e agradecer uma construção desta magnitude?
Com dignidade e suprema humildade, essas irmãs caridosas, nos tempos não muito distantes, além de administrar o funcionamento do Hospital, serviam pessoalmente nas enfermarias, nos centros cirúrgicos como instrumentadoras e circulantes, na farmácia – manipulando remédios, fabricando soro; cosiam os enxovais dos leitos, das UTIs e das salas de procedimentos; plantavam e cultivavam com o suor do rosto a horta e o pomar, e criavam os animais que abasteciam e que alimentavam a cozinha dos enfermos.
Enquanto outras, se dedicavam ao carisma da educação, formando com profunda responsabilidade aos jovens educandos no Sagrada Família.
E ainda arrumavam tempo para orações e auxilio nos ofícios religiosos.
Quão grande foram essas mulheres, vindas de outras cidades, que abandonaram seus lares, seus entes queridos, pais, irmãos, família e renunciaram as suas vidas para fazer da existência a prática vocacionada da nobre missão de servir e permanecer em estado de clausura.
Não há como deixar essa partida passar em brancas nuvens.
Nada vai retribuir a imensidão desta façanha. E, por mais que procure palavras para definir esse momento, e a atuação destas religiosas, não há outra que não seja amor. Foi isso que nos foi deixado como maior patrimônio pela Sociedade Divina Providência: o exemplo do amor cristão em estado puro.
A todas as irmãs que por aqui passaram, ao longo destas décadas, nós devemos a mais solene reverência de admiração, respeito e gratidão. Apesar de merecerem muito, mas muito mais, tenho certeza que elas sequer anseiam por isso, mas ficarão comedida e discretamente contentes se receberem pelo menos isso.
A Divina Providência, como sempre, cuidará de todo o mais…
Parabéns as irmãs da divina providência….somos muitos é muito gratos pelos belos serviços . .sem elas não seriam nada…….