Vítima de Pizzolatti: cirurgia de emergência e uma nova fratura a cada Raio X

Foto: Facebook Márcia Pontes

Eu e a especialista em trânsito Márcia Pontes fomos colegas de Grupo RBS em Blumenau, lá pelo começo da década de 1990. Eu na TV e ela no Santa.

Márcia era uma jornalista de mão cheia, daquelas investigativas, fuçadoras. Inquieta, incomodada.

Por essas coisas da vida, deixou o jornalismo de lado, mas não a mídia. Muito menos a lucidez e o senso de justiça.

Nesta terça-feira, 26, li um texto seu sobre o triste episódio do acidente causado pelo ex-deputado federal João Pizzolatti, que admitiu estar embriagado.

Márcia voltou aos bons textos de escrita, para relatar mais um caso que não pode ser mais um.

Com a autorização dela, reproduzo, na íntegra:

“Enquanto quem bebe, dirige, provoca o crime de trânsito, leva dor e sofrimento continua solto e protegido, (e isso é um tapa na cara da sociedade) a vítima e sua família inteira têm as vidas transformadas para sempre e são os verdadeiros punidos. Se a pessoa bebe, dirige e mata ou fere gravemente alguém, não foi acidente. Foi crime de trânsito que precisa ser punido. A vítima, a família e a sociedade merecem essa resposta.” 

A vítima do acidente provocado pelo ex-deputado João Pizzolatti, na rodovia Werner Duwe, no dia 20 de dezembro, passará por cirurgia de emergência na quinta-feira (28 de dezembro) devido à gravidade da fratura no joelho e das queimaduras. O procedimento de eleição nesses casos em que há queimaduras de 2º e 3º grau acompanhadas de fratura é tratar primeiro as lesões das queimaduras profundas para, somente depois, tratar as fraturas. No entanto, a fratura no joelho é muito grave e não poderá esperar mais.

O que está deixando a situação mais complicada e está preocupando os médicos é que a cada Raio X eles descobrem uma nova fratura em um lugar diferente do corpo.

Conforme informações repassadas pelos médicos à família, a previsão é de que Paulo Marcelo Santos, 23 anos, permaneça internado no hospital especializado em queimados, em Joinville, pelo menos, durante 5 meses. Ele está acompanhado pela esposa, Cíntia, que está grávida de 4 meses e exige cuidados especiais, inclusive, no modo como ela recebe as notícias sobre o real estado do marido.

Desde a manhã de quarta-feira, 20 dezembro, a vida da família não é mais a mesma: Samanta, a mãe de Paulo, trabalha, tem um bebê de aproximadamente 4 meses e não tem condições de se revezar com a nora nos cuidados à Paulo.

O Natal da família foi de orações pela melhora do quadro de Paulo Marcelo Santos e para que a Justiça seja feita. A ceia de Natal da vítima do grave acidente provocado pelo ex-deputado João Pizzolatti, que estava em visível de embriaguez, com o estado psicomotor alterado e com a CNH vencida desde agosto de 2012, foi com muitas dores mesmo estando à base de morfina.

Enquanto isso, a família de João Pizzolatti, que certamente teve uma ceia bem diferente, não se manifestou ainda sobre que tipo de assistência dará à vítima e à família. Em nota à reportagem do Fantástico, apenas desejou “melhoras”. À imprensa local as poucas manifestações públicas são no sentido de que Pizzolatti já estaria internado em uma clínica de reabilitação de dependentes químicos, mas não há detalhes que convençam a população sobre ele se ele está realmente em tratamento.

Sobre pagar as despesas que a família está tendo para acompanhar Paulo Marcelo na internação em hospital de queimados ou até mesmo as despesas médicas, de cirurgias, tratamento ou transferir Paulo Marcelo para um hospital particular (ele está sendo atendido pelo SUS), também não há qualquer manifestação por parte de familiares ou advogados de João Pizzolatti.

Lembrando que em vídeo que correu o mundo e em que o deputado aparece trôpego, visivelmente embriagado e confessando que estava bêbado, ele afirmou que iria pagar os prejuízos da tragédia que provocou, mas até agora, ninguém da família do ex-deputado ou seus representantes legais procurou a família de Paulo.

O pedido da família à toda a sociedade e à imprensa do país é que não deixem o caso cair no esquecimento e que a todo o momento as pessoas, o próprio ex-deputado, sua família, as autoridades a quem cabe a apuração dos fatos, o Ministério Público, todos os investigados saibam das enormes e graves proporções do crime de trânsito que foi cometido.

Vidas transformadas para sempre

Desde o dia em que o ex-deputado João Pizzolatti escolheu beber, dirigir e assumir o risco de provocar um crime de trânsito, a vida de toda a família de Paulo Marcelo Santos mudou para sempre. Paulo, que era gerente comercial em uma empresa de autopeças pagava as prestações do Fiat Mobi que ficou destruído no acidente, já pensando no conforto do bebê que planejava com a esposa. O pensamento dela estava no trabalho e nos cuidados com a gravidez para que bebê venha forte e sadio.

Só que neste dia a trajetória de Paulo na vida e na via foi mudada para sempre quando o ex-deputado que dirigia embriagado dirigia fazendo zigue-zague em alta velocidade (conforme testemunha que vinha dirigindo logo atrás do carro dele), invadiu a pista e colidiu contra o carro que Paulo dirigia. Se não fossem os populares e testemunhas desvirarem o Fiat Mobi, pegarem os extintores de incêndio de seus veículos e apagarem o princípio de incêndio, Paulo morreria carbonizado.

Desde então, a esposa de Paulo o acompanha dia e noite desde os primeiros atendimentos no Hospital Santo Antônio e a transferência para o Hospital São José, em Joinville. Sem parentes na cidade, ela passou a morar no hospital e acumula gastos para se alimentar e sofre também com o desconforto de dormir em camas improvisadas, ainda mais sendo gestante, sem contar o abalo psicológico de todas as consequências do acidente. Se a previsão dos médicos se confirmar, o bebê nascerá antes que Paulo Marcelo receba alta do hospital de queimados.

O restante da família tenta se unir e se ajudar como pode e precisa muito do apoio da sociedade, da imprensa, das autoridades, da justiça brasileira e também que João Pizzolatti e sua família assumam as responsabilidades em relação ao acidente provocado pelo ex-deputado, que dirigia embriagado e sem autorização para dirigir.

“Enquanto quem bebe, dirige, provoca o crime de trânsito, leva dor e sofrimento continua solto e protegido, (e isso é um tapa na cara da sociedade) a vítima e sua família inteira têm as vidas transformadas para sempre e são os verdadeiros punidos. Se a pessoa bebe, dirige e mata ou fere gravemente alguém, não foi acidente. Foi crime de trânsito que precisa ser punido. A vítima, a família e a sociedade merecem essa resposta.”

Márcia Pontes, especialista em Trânsito. *

 

 

5 Comentário

  1. Quem bebe e dirige, se provocar um acidente de trânsito, deveria responder por crime doloso e premeditado. No Brasil se alguém quiser cometer um assassinato e ficar impune é só matar o desafeto num acidente de trânsito. Leis aqui são feitas por gente como esse ex deputado, que responde processo por corrupção e agora deverá responder outro por tentativa de assassinato , pelo menos deveria ser, tentativa de assassinato.

  2. Onde estão os defensores dos direitos humanos nesta hora ?

    O que a justiça vai fazer contra esta bêbado ?

    Foi internado ? A tá ….

  3. Seria mister, fazer um abaixo assinado contra Pizzolati por tentativa de homicídio doloso.
    E o MP precisa exigir reparação financeira imediata para a família da vítima.
    Apropriem os bens desse bandido ja!

  4. É tão triste e injusto que é dificil de terminar de ler a reportagem! Se fosse um João qualquer que tivesse causado o acidente, ele teria chegado ao hospital algemado, mas como estamos no Brasil e o Pizolatti é um político, a polícia fingiu que não conseguiu chegar com ele no Hospital Santa Isabel. Cadê a justiça? Ele confessou? Corrupção comendo até as instituições que a gente gostaria de acreditar.
    Meus votos de melhoras à vítima e família que tem que pagar por isso. 🙁

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*