O mito e o diabo

Fernando Krieger
estudante de Filosofia e editor do The Ironic Herald

 

Se tem uma coisa que gosto é assistir no Youtube o Programa Pânico da Jovem Pan. Acredito que os convidados ganham bastante tempo de microfone, isso ajuda a conhecer melhor o perfil da pessoa. O humor ajuda a despir qualquer caráter duvidoso.

Na última segunda, se não me engano, quem esteve nos estúdios da rádio de São Paulo foi o presidenciável e “mito” brasileiro Jair Bolsonaro.

Quando Bolsonaro passa pelos programas da emissora passamos a conhecer melhor o Deputado, sempre tem alguma declaração polêmica, tiram Bolsonaro dos eixos (não é Professor Villa?)

Nesta última entrevista do “mito” para o programa Pânico, percebi que assim como o Batman e o Coringa (principalmente na HQ Piada Mortal), assim como Tom e o Jerry, o Coyote e o Papaleguas, o mito não sobrevive sem o seu diabo.

Explico. Se a Justiça barrar a candidatura de Lula, Bolsonaro acaba exatamente neste momento. O discurso do pré-candidato é todo baseado no enfrentamento contra o líder petista, contra o PT e contra o suposto plano comunista de dominação da América Latina, do mundo, do universo, tudo cheio de “et” comunista.

Bolsonaro coloca Lula no patamar de um “anticristo”, assim consegue a simpatia daqueles que passaram todos esses anos de governo do PT ouvindo que o partido no poder significa que coisas diabólicas vão acontecer com a população. Bolsonaro explodiu em popularidade (o que acredito que nem é tudo isso), quando conseguiu adaptar ao seu discurso os discursos dessa sociedade que ou se decepcionou com o PT ou ora todas as noites para livrá-los do PT, amém.

Bolsonaro deve torcer todos os dias para que Lula concorra, imagina como se esvaziaria o seu discurso com a saída do petista da disputa. Porque convenhamos, fora segurança – dá arma pro povo – pública, o mito não entende de mais nada.

Lembro-me que em 2014, assisti dentro de uma igreja evangélica um discurso do senador Magno Malta demonizando o PT, Dilma, Lula, Lúcifer e o Zé Dirceu, depois disso, ouvi até conversas de que o partido fecharia igrejas no Brasil, forçando cristãos a se reunirem em lugares secretos, como é em alguns países em que o cristianismo é perseguido.

O discurso do medo foi usado, e quem se saiu bem nessa foi o mito, que sem medo de falar reuniu essa massa ao seu redor.

Particularmente, acho um pouco distante o discurso de quem defende o armamento da população com o discurso do Cristo. Bolsonaro ao gritar em um palanque que o Brasil não é um estado laico e sim cristão, e que as minorias devem se curvar às maiorias, deveria defender o domínio do Império Romano com suas armas e suas torturas e não usar o nome de Jesus para falar abobrinha.

Querem vencer Bolsonaro nessas eleições? Tirem Lula da disputa e permitam duas horas diárias de Bolsonaro em rede nacional, pode ser 15 minutos, pronto, acabou o mito. Ele não sobrevive sem o seu diabo.

Bônus de pérolas do mito no Pânico da Jovem Pan:

1. “Não tem vaga nos presídios? Coloca um cima do outro!”

2. O mito acha que vai ter governabilidade, e o que fará para isso acontecer? Liberação de emendas!

3. Nióbio e grafeno!

4. “12, 13 milhões de desempregados é uma mentira do governo!”

5. Pensa em convocar uma Constituinte à parte!

6. Se candidataria por qualquer partido, o estatuto não quer dizer nada!

7. “90% dos meus votos na Câmara eram parecidos com os do PT antes de 2003!”

8. A decepção com o PT criou desconfiança em salvadores da pátria. “Juro por Deus que farei diferente!”

9. “Desconfio que tenha fraude nas urnas!”

 

 

5 Comentário

  1. “Particularmente, acho um pouco distante o discurso de quem defende o armamento da população com o discurso do Cristo.”

    Mas Cristo defendeu a posse de armas!
    “Disse-lhes pois (Jesus): Mas agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e, o que não tem espada, venda a sua capa e COMPRE-A” – Lucas 22:36.

    Obviamente a arma seria para fins de defesa ou utensílio em determinadas situações.

    A questão do estado laico, é pura utopia falaciosa, pois TODOS possuem crenças individuais (inclusive os ateus) que se manifestam no conjunto social.

    Bolsonaro naturalmente não sabe tudo, assim como os outros, por isso há ministros e pastas em diversas áreas que deveriam ser nomeações técnicas e não políticas, como ele pretende fazer.

  2. Gostei do 1ª Texto que vi do estudante de Filosofia, agora este segundo ficou igual à todos da nossa grande mídia quando se fala de Bolsonaro.

    O escritor afirma que acredita que a popularidade de Bolsonaro nem é tão grande assim.

    15 Minutos de pesquisas na internet nas Páginas do Bolsonaro ou dos Filhos, (coisa que quem escreve nesses blogs jamais pesquisam ou olham antes de fazer textos sobre ele), você verá que Bolsonaro é recebido por Milhares de pessoas em todas as Cidades e Estados do País.

    Inclusive, aqui em Blumenau ele discursou para um pavilhão da Vila Germânica cheio.

    Ontem foi recebido por milhares em Cáscavel – PR.

    Além de ser o único Político recebido por milhares de pessoas, é o ÚNICO que anda livremente por aí sem ser hostilizado.

    Infelizmente os ANTI BOLSONARO, seja pela mídia o taxar de Racista, Preconceituoso, Homofóbico, coisa que ele não é, fecham os olhos para isso.

    Vale lembrar que as milhares de pessoas que recebem Bolsonaro em todas as cidades do País, inclusive distribuindo 700 Outdoors em homenagem à ele em 2017, não recebem nada, diferente de toda a militância política que conhecemos quando defendem seus candidatos.

    Em 2018 temos um nome.

    JAIR BOLSONARO.

  3. Bolsonaro é outro Lula disfarçado , utiliza-se de jargões , mas seu discurso é vazio .

  4. Esse porra louca do Bolsonaro não tem perfil de líder. Nem aqui, nem na China!
    Mas, tens razão, Fernando Krieger, pois se por extrema desgraça o sapo barbudo/molusco/invertebrado não começar a apodrecer no xilindró logo, logo e concorrer a presidente deste infeliz país (e não estou a cuspir no prato em que tenho comido, como Vera Husadel Dalsenter disse impropriamente) eu me tornarei BOLSONAROOOOOO desde criancinha!

    Que o sapo barbudo vá para o Inferno, não sem antes apodrecer lentamente na cadeia, ter o cadáver bem morto (rsrsrsrsrs) incinerado/cremado pelo Alcione Alvim e as suas malditas cinzas serem jogadas ao mais fétido chorume!

    En passant, vale aquela proposta a todos aqueles que amam este Brasil, como eu: NESTAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES NÃO VOTEMOS EM QUEM JÁ TENHA HISTÓRICO POLÍTICO. Vão trabalhar!

  5. O que esperar das eleições este ano? Acredito que não muita coisa. Teremos os mesmo candidatos de sempre: personalidades influentes dentro da política; partidos formando coalizões para o próprio interesse mútuo; políticos se adequando aos novos pensamentos sobre políticas econômicas; etc.

    Quem é Jair Messias Bolsonaro? Na minha opinião, nenhum camisa 10. Está atuando dentro da política por quase 30 anos e, ao longo dessa longa história, tem apenas 2 projetos aprovados no congresso nacional; adota um discurso populista ao mesmo tempo que defende um livre mercado “paraguaio”; e, diferente daquilo que prega, já mamou muito das tetas do estado.

    Mas o que leva a popularidade do candidato? Diferente do Fernando Krieger, acredito que essa fama da família Bolsonaro não está ligada com o Lula ou o PT, mas, sim, em relação ao seu posicionamento contra aqueles que ferem o direito à liberdade, à propriedade privada e atacam a instituição familiar – i.e, Ciro Gomes, Marina Silva, Alckmin, Manuela d’Ávila (PSOL, PCdoB, PSDB, REDE SUSTENTABILIDADE, etc.).

    Enquanto houver munição (saliva na ponta da língua), arma (mídia e redes sociais) e alvo (socialistas e comunistas), Bolsonaro vai continuar vivo na disputa. Pois o povo não se contenta com argumentos universitário (João Amoêdo), o que eles querem é tiro porrada e bomba.

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