Lula, lulismo

Fernando Krieger

colaborador voluntário, editor do The Ironic Herald

“o menino pobre que virou retirante
que virou metalúrgico que virou líder
que virou deputado que virou aposta
a aposta que virou presidente
o presidente que virou padrinho
o padrinho que virou única opção
a opção que virou processo
que virou novela
a novela que teve missa
a missa que teve homem se transformando em ideia
aquela missa que em 18 terminou em cela
a cela que virou luta
que na verdade era voto
que no fim é
só mais uma ideia que entra pra história”

Caros leitores, se tem uma coisa que precisamos confessar é a incrível capacidade que o Partido dos Trabalhadores tem de dominar o discurso. Mesmo que o seu apoio tenha diminuído drasticamente nos últimos anos, eles ainda conseguem fazer um barulho internacional quando querem e como querem.

Pegaram uma denúncia contra o ex-presidente Lula e o transformaram em uma figura histórica, assim como Mandela, Gandhi e Luther King –  segundo eles, sempre segundo eles.

Bateram e seguem batendo o quanto podem no judiciário brasileiro, se aproveitam da era da pós verdade e colocam em dúvida tudo aquilo que vai contra os seus pensamentos.

Uma eleição sem Lula é fraude!

Na verdade, uma eleição sem um condenado em segunda instância a mais de 12 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva é uma eleição.

O “cara” centralizou tanto o partido ao seu redor, que não se vê nenhum outro nome a sua altura para disputar o pleito de outubro, sendo assim, precisam mesmo lutar até o fim para que ele seja candidato.

Voltando aos nebulosos, Lula depois de ter o seu habeas corpus preventivo negado pelo Supremo Tribunal Federal e ter a sua prisão decretada logo em seguida pelo Juiz Sérgio Moro, não deixaria de ter belas imagens para o seu documentário.

 

Depois de um enorme silêncio por parte do ex-presidente e do prazo para se entregar se encerrar, ele resolve convocar uma missa em homenagem à sua falecida esposa –  diga-se pouco citada no evento, comício, missa, comíssa, sei lá.

Com um discurso que enterrou de vez o “Lulinha paz e amor”, o ex-presidente atirou para todos os lados, era o último discurso antes de Curitiba – entendo que a segurança era crucial, mas a PF deu corda demais.

E foi nesse discurso que se fundou oficialmente o Lulismo no Brasil.

O homem se confunde com a divindade e Lula se autoproclama uma ideia:

“Vou cumprir o mandado (…) e cada um de vocês se transformará em um Lula”.

“Eu não pararei porque eu não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia, uma ideia misturada com a ideia de vocês”.

“Quanto mais dias me deixarem lá, mais Lulas vão nascer nesse país”.

Não adianta parar o meu sonho, porque quando eu parar de sonhar eu sonharei pela cabeça de vocês”.

Ide e pregai o evangelho a todos”.

Ops, essa última não.

Só eu que achei o discurso bem perigoso?

Então!

Até na hora de se entregar teve show, Lula saiu, entrou no carro e voltou para dentro do sindicato, jogou para a torcida: quero me entregar, mas os militantes não me deixam e a polícia não chega.

Mais uma vez o discurso a seu favor.

É triste ver um ex-presidente preso?

É, mas também é bom saber que todos são iguais perante a lei.

O tamanho político de Lula e a sua herança (votos) – apesar de bem menor do que pregam – ainda causam movimentos importantes.

Os presidenciáveis Manuela d’Ávila e Guilherme Boulos estiveram em todos esses dias ao lado do ex-presidente, receberam até uma certa “benção” naquela “missa”, Ciro não apareceu e foi criticado.

No fim, todos querem estar perto do acontecido para escreverem os seus próprios evangelhos.

PT encerra um ciclo, que começou também dentro da Igreja Católica e terminou em uma missa.

Lula que começou em um sindicato, voltou e saiu de lá preso.

O mundo é cíclico, e de vez em quando algum “messias” aparece, só precisamos tomar cuidado para não abraçar o errado de novo.

Ironicamente, Fernando Krieger.

8 Comentário

  1. Eleição sem Lula é fraude. Autor usa a mesma retórica. Deixa eu ser claro para ele: Lula foi condenado para não participar da eleição. E se diz editor? Incapaz de compreender o outro lado. Dispensável

  2. Alcino Carrancho, Aquele Que Nas Próximas Eleições Somente Votará Em Político ZERO QUILÔMETRO! disse:

    Você está ficando cada vez melhor, Fernando Krieger!

    A mais simples das soluções está na ponta dos dedos de cada um de nós:

    Defenestremos todos os políticos velhos.

    Será uma exemplar lição aos saintes e um solene aviso aos entrantes.

    A solução é tão simples, mas tão simples que nem precisaremos de lei proibindo releição, não é?

    Abraçarei esta ideia.
    E VOCÊ???

  3. Caraio Leandro, o cara é condenado em todas instancias, e ainda voce fica querendo defender um crápula, incentivador de violência , cachaceiro, mentiroso ! ??

  4. “Eleição sem Lula é fraude” , antes chamavam tudo de golpe , agora chamam de fraude ?

    Será que ideologia política cega a as pessoas ou aliena ?

    Será que quando prenderem o Aécio Neves ou outro político que não seja do PT , será
    fraude ?

  5. Alguém confia nas urnas eletrônicas (ao menos enquanto elas não têm/tinham comprovante impresso)? Na boa, gente, estamos no Brasil, sil, sil… Já leram reportagens que nos países em que são utilizadas, coincidentemente mantêm ditaduras (em sentido amplo) no poder?

  6. “E se diz editor? Incapaz de compreender o outro lado. Dispensável”

    Por favor, missivistas, TODOS: será que vocês não entenderam, ainda, que o senhor Leandro Karasinski está gozando da cara de vocês, seus tontos?

    Vocês ficam dando trela e é o que dá!

    Vocês não entenderam que ele é a VERDADE?

    Ora, ora, ora!

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