Aroldo Bernhardt
professor
Há quem diga que administrar é bem mais que a simples aplicação de técnicas ou ferramentas, sugerindo o apelo à filosofia para atingir resultados ótimos (e não somente máximos). Realmente a Administração não é uma ciência exata ou da natureza, é uma ciência social e como tal cercada de complexidade, em função de um grande número de variáveis intervenientes.
E a complexidade se avoluma de forma exponencial quando se trata da Administração Pública.
Enquanto uma organização economicista se preocupa com o cliente, o acionista e o empregado e é claro que geralmente o faz procurando respeitar os parâmetros legais, para a organização pública todo o ambiente socioeconômico precisa ser considerado. Como diria um estrategista, o número de “stakeholders” na esfera pública é bem maior.
No setor público uma demanda atendida implica estabelecer prioridade, ou seja, deixar outras necessidades de lado. Em seguida as exigências burocráticas: orçamento público, audiências públicas, projetos, licitação, licenças, execução, acompanhamento, inúmeras instâncias de controle e por aí afora.
Esses prolegômenos são importante para abordar um jeito bem blumenauense de ser. Dizem que adoramos a polêmica, e isso me parece positivo.
É o caso do debate atual em torno da proposta feita pelas entidades empresariais da cidade para diminuir o número de servidores no Legislativo
Essa questão, no meu entender, transcende a economia. É mais a visão aristotélica do “zoon politikon” (na qual os seres humanos se realizam plenamente no âmbito da “pólis”) do que a ficção do “homo economicus” (que reduz a condição humana à produção e ao consumo por abstrair-se das dimensões morais, éticas, religiosas, políticas, etc.).
Para reforçar, valho-me de Hannah Arendt que afirmou: “com a crescente despolitização dos homens têm-se reduzido o espaço público, correndo-se o risco de fazer com que o “animal laborans” finalmente predomine por completo sobre o zoon politikon”.
Acrescento que tem sido comum, nesses tempos estranhos em que estamos vivendo, o emprego esperto do que já vem sendo designado como pós-verdade, na qual usam de apelos emocionais, dos fatos concretos, apelam a algo que aparenta ser verdadeiro como mais importante que a própria verdade. Enfim a pós-verdade é a arte de manipular a opinião pública.
No caso partem da premissa de que há “inchaço” da máquina pública, coisa que, aliás, já foi colocada no imaginário popular há muito tempo. É apenas um “grão de verdade”, não é a verdade ampla e plena.
Quando se compara o número de funcionários públicos com o total de trabalhadores, o Brasil não líder a lista, muito pelo contrário. Para quem duvidar, fica o link para mudar sua visão:
Enfim, não é uma questão de quantidade e sim de qualidade, não é uma questão de eficiência e sim de efetividade.
Difícil é justificar a diferença dos gastos da previdência publica com a privada.
Existe sim dois países, para os trabalhadores, o publico e o privado.
Parabéns pelo artigo professor Aroldo, como sempre muito lúcido e pontual.
Texto sem qualquer utilização ….
Rubens Serpa disse:
28/06/2018 ÀS 16:53
Olá, Rubão!
Queiras aceitar o meu conselho: não percas tempo!
Abraço.
Alcino Carrancho
(El Defenestrador Implacable)