Glauco José Côrte
Presidente da FIESC
O Brasil tem condições de sair da crise melhor e maior do que entrou. Para isso, precisa superar não apenas as dificuldades de curto prazo, mas principalmente os entraves estruturais, de maneira que possa se consolidar como uma força efetiva da economia mundial.
Quanto mais sólida for uma economia, menores são os impactos nas adversidades.
O Conselho de Economia da FIESC elencou algumas situações que precisam ser superadas se quisermos ser uma grande Nação. Temos um Estado inchado, pesado, burocrático e incompetente; os gastos governamentais são exagerados; criamos uma lógica perniciosa de vincular gastos públicos à receita, o que pressiona o aumento da carga tributária; enfrentamos insegurança jurídica em praticamente todos os segmentos; o processo político paralisa o Brasil; não conseguimos ter uma definição de prioridades e de uma agenda positiva para o País; o Estado é incapaz de prover serviços eficientes nas atividades básicas; as excessivas e ineficientes regulações estimulam a burocracia e a corrupção; não temos uma política pública de longo prazo e regras claras que estimulem os investimentos; e falta espírito público à grande
É claro que, além da solução para essas questões, precisamos que a agenda governamental priorize condições para o aumento da produtividade, incentive a atração de investimentos e estratégias robustas de acesso a novos mercados.
Além disso, existem outras oportunidades, como um amplo programa de qualificação profissional. Nos últimos 12 meses, quase 1,5 milhão de brasileiros perderam o emprego. Devemos aproveitar esse período para promover a sua qualificação, o que possibilitará que, no seu retorno ao setor produtivo,estejam capacitados para atender às novas exigências do mundo do trabalho.
Mais uma vez, a indústria vem dando o exemplo, ao promover os ajustes necessários para a retomada do crescimento, através da busca de novos mercados, do fortalecimento de parcerias e do aumento dos investimentos na inovação e na produtividade.
A indústria deve estar no centro da estratégia nacional para a retomada da economia, como mostra o recente exemplo dos Estados Unidos. Várias indústrias que haviam saído daquele país retornaram. Boa parte delas voltou também motivada pelas fontes novas de energia, que reduziram o custo do insumo norte-americano, ao contrário do que acontece no Brasil. Temos uma das energias mais caras do mundo.
Estamos encerrando um ano desafiador, em que o parque fabril catarinense registra queda na produção, nas vendas, nas exportações e no emprego. As perspectivas para 2016 não são muito diferentes, com previsão de nova queda no PIB. A evolução da economia está muito condicionada à evolução da política. Mas isso não deve nos fazer esmorecer.
O momento é de olhar para as transformações que nos colocarão no caminho do desenvolvimento.
Temos muitas questões a resolver, mas se aproveitarmos o momento para superá-las, ainda que gradativamente, constataremos que a crise foi um ponto de inflexão histórico e que os esforços empreendidos terão valido a pena.
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