Depois de dois anos e seis meses, Carmen Barbosa, 26 anos, pôde abraçar a filha novamente esta semana. A jornada foi longa, mas graças à união dos servidores do Fórum Central de Blumenau o reencontro aconteceu terça-feira (27/11) no Aeroporto de Navegantes, no Vale do Itajaí. A jovem mãe veio da Paraíba para cá em busca de trabalho e não imaginava que demoraria tanto para rever Andrielle, de 11 anos, que ficou na responsabilidade do pai a mais de 3 mil quilômetros de distância. “Estava ansiosa para ver a mãe”, contou a tímida Andrielle ao chegar a Blumenau e conhecer os colegas que colaboraram na arrecadação. Ela veio com uma tia e dois primos. O plano inicial é passar o Natal em família e encontrar um emprego para que todos possam morar aqui no Sul.
Foi em busca de uma vida melhor que Carmen atravessou o Brasil para chegar à cidade germânica em maio de 2016. Na terra natal deixou a filha única e o coração apertado. Começou a trabalhar no Fórum em maio de 2016 e as economias ora permitiam trazer a filha menor, ora não pagavam a passagem de um acompanhante. “Quando a gente vem para cá tem outra ideia de como vai ser, mas daí tem aluguel, tem despesa e não consegue fazer o que imaginava”, conta Carmen. O sonho do reencontro se mantinha vivo e neste ano, com a ajuda dos colegas, que primeiro colaboraram numa rifa e depois arrecadaram doações em dinheiro para Carmen comprar as passagens, ela pôde trazer a filha para perto.
“Tudo começou com o mural de recados onde a Carmen deixou o recadinho, eu li e fiquei sensibilizado com a situação dela, ela estava há anos tentando trazer a filha para cá. Encaminhei a foto do mural no grupo de WhatsApp e no e-mail dos servidores. Fiz um texto e o pessoal começou a se manifestar com interesse em contribuir. Em uma semana, nós conseguimos arrecadar o valor”, ressalta Sigfried Adão Miguel, técnico de suporte em informática da comarca de Blumenau. A agente de apoio administrativo da comarca Elita Maria Pereira ficou responsável por receber as arrecadações e conta que aproximadamente 100 pessoas ajudaram Carmen com valores variados. “Solidariedade é o que mais precisamos hoje. Se você não é solidário, você não é nada”, destaca sobre a ação.
O mural de recados com as mensagens “posso ajudar” e “preciso de ajuda” implantado neste ano foi uma iniciativa da diretora do foro e titular da 1ª Vara Cível, juíza Quitéria Tamanini Vieira Péres. A ideia veio após a leitura do livro “A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir”, de Rubem Alves, que cita o uso do quadro na Escola da Ponte, em Portugal. “Esse mural nós apelidamos de #correntedobem e é baseado na solidariedade, pois envolve muitas pessoas. Alguns pedem roupas de bebê, outros, móveis, e outros ofertam seus serviços. A ação dos servidores, que ocorreu por conta própria, foi um exemplo de como as pessoas querem ajudar mas não sabem como, e desta forma simples é possível”, reforça a magistrada.
Carmen disse estar “numa felicidade só” ao lado da família. Agora eles passam por um processo de adaptação, mas estão felizes pelo reencontro e por poder passar o Natal juntos depois de dois anos e meio afastados. “Talvez, para uma mãe não há presente melhor do que ter sua filha junto dela no Natal”, finaliza Sigfried com o resultado da ação entre servidores.
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