Seguindo os passos da mãe, costureira, e das tias, que já trabalharam na indústria têxtil, Gabriele Raiser, 19 anos, já chegou bem longe. A moradora de Blumenau está entre os jovens selecionados para disputar uma das 63 vagas na equipe brasileira da WorldSkills, a maior competição de educação profissional do mundo. Gabriele pode competir na modalidade técnica de vitrinismo, na Rússia.
Sem nunca ter imaginado participar de competições profissionais, Gabriele se classificou em 2017, na etapa regional e em 2018, na nacional, realizada em Roraima. Disputou com representantes de Minas Gerais e São Paulo. Para a estudante, passar por todas essas etapas e ter ficado em primeiro lugar fez toda a dedicação valer a pena. “Foi um misto de orgulho e felicidade por ter chegado lá com o meu trabalho, foi uma valorização, um reconhecimento”,
ressalta.
Estudante de artes visuais, fez cursos de aprendizagem industrial de desenhista de produto de moda no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Blumenau, após ser incentivada pela mãe, que notou o quanto Gabriele se interessava por roupas e por desenhar.
“Eu sempre tive um amor muito grande por moda e por arte. Comecei a fazer o curso de desenhista de moda, me destaquei e fui selecionada para participar do vitrinismo. Além de ser um mercado muito bom, porque a moda é muito importante, o vitrinismo é pouco explorado no Brasil, então é uma área de mercado muito interessante”, destaca a jovem, ao explicar que vitrinismo significa construir vitrines, principalmente para lojas.
A 45ª edição da WorldSkills ocorrerá de 22 a 27 de agosto, no Centro Internacional de Exposições KAZAN EXPO em Kazan, na Rússia. A competição é realizada a cada dois anos e reúne os melhores alunos de países das Américas, Europa, Ásia e África e Pacífico Sul para disputarem medalhas em modalidades que correspondem às profissões técnicas da indústria e do setor de serviço.
Eles precisam demonstrar habilidades individuais e coletivas para responder aos desafios de suas ocupações dentro de padrões internacionais de qualidade. Há mais de 65 anos, a competição reúne jovens qualificados de todo o mundo, selecionados em olimpíadas de educação profissional de seus países, realizadas em etapas regionais e nacionais.
Para a próxima fase, na Rússia, Gabriele tem expectativas de bastante aprendizado e crescimento profissional. “Participar de uma etapa mundial e possivelmente ganhar seria incrível tanto para o país, quanto para o meu currículo. Espero, ter muitas oportunidades para abraçar e chegar lá no topo do mundo”, idealiza a jovem.
Educação Profissional
Assim como para Gabriele, a educação profissional impacta positivamente a vida de diversos jovens no Brasil. Em
2017, cerca de 80% dos estudantes que concluíram cursos técnicos foram inseridos no mercado de trabalho já no primeiro ano. De acordo com levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho e também uma opção para o trabalhador desempregado em busca de recolocação no mercado. O salário de um profissional técnico varia entre R$ 8,5 mil e R$ 12 mil.
Para o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, o país tem potencial em educação profissional. “O Brasil tem sido representado pelo SENAI e pelo Senac, que tem as ocupações mais da área do comércio e serviços, e o Brasil fica sempre entre os primeiros colocados”, afirma.
A competição
Cada jovem competidor recebe um projeto e tem uma determinada quantidade de horas para desenvolver o desafio, da melhor forma possível. A habilidade técnica dos participantes é posta em xeque, cada um dentro da sua modalidade. Geralmente, o projeto de construção desafiador é inspirado em algum ponto turístico do país/cidade sede da WorldSkills, com três módulos.
São 56 modalidades técnicas que exigem adequação aos padrões mundiais. A preparação dos participantes para a competição começa na segunda quinzena de janeiro. Eles passarão uma temporada nos centros de treinamento do SENAI, localizados em Brasília, Belém, Porto Alegre e Joinville.
Segundo o gestor do projeto Brasil Kazan 2019, José Luiz Gonçalves Leitão os jovens devem ter conhecimentos sobre desenvolvimento e desenho técnicos, metodologia, medidas, interpretação de desenho, acabamento de produto e também sobre processos. “É um jogo de tempo. Cada uma das habilidades é trabalhada exaustivamente dentro dos padrões e eles são submetidos a vários testes, exercícios, durante esse período”, destaca.
A cada edição da WorldSkills, o Brasil participa com um número maior de competidores e melhora sua classificação no quadro de medalhas. Em 18 participações, o país já acumulou 136 medalhas. A melhor participação brasileira
na história do campeonato foi em São Paulo, em 2015. Com 27 medalhas, o Brasil foi o primeiro do ranking de países.
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