MARTA BROD jornalista e professora universitária
2015 foi o ano da rede de streaming Netflix. Para quem é assinante sabe o quanto esse aplicativo pode aliviar as nossas angústias depois de um longo e cansativo dia de trabalho e na preguiça que acompanha o domingo. Um companheiro para – quase – todas as horas. Mas, também têm suas desvantagens afinal, quanto maior a oferta também é maior a indecisão.
São tantas as opções que muita gente desiste de assistir um filme, ou uma série, justamente porque não sabe o que escolher. É, parece que também sou uma réu confessa nesse tipo de situação. Pois bem, dia desses nas férias eu resolvi conferir o que o Netflix me ofereceria em seu vasto cardápio. Foi quando me deparei com a série The Bletchley Circle, uma produção inglesa lançada em 2012. O nome e a pequena sinopse me chamaram a atenção e então pensei: Vou arriscar!
Aos ansiosos de plantão, já aviso: São apenas duas temporadas: a primeira de três episódios e a segunda com quatro episódios. Todos eles não passam de 45 minutos de duração. Perfeito para um final de semana. Na verdade, assisti tudo em um dia (aloka das séries!).
Confesso que achei que iria desistir nos primeiros quinze minutos, pois o sotaque inglês me incomoda um pouco. (beatlemaníacos, me julguem!) Mas a trama é tão boa que você acaba se acostumando.
A série começa em 1943, período da Segunda Guerra Mundial, e foca na vida de quatro mulheres com diferentes aptidões: Susan (Anna Maxwell) tem facilidade com a matemática e padrões númericos; Millie (Rachel Stirling) consegue compreender quatorze idiomas; Lucy (Sophie Rundle) tem uma memória invejável e é capaz de lembrar-se de números e datas; e a líder do grupo Jean (Julie Graham) é uma mulher organizada e com acesso a importantes documentos. Elas são funcionárias do governo inglês e trabalham num serviço secreto chamado Bletchely Park e tem a missão de decifrar os códigos alemães de guerra. Coisa que elas conseguem. Ou seja, o Dia D só aconteceu por conta dessas mulheres.
Nove anos depois do término da guerra, as quatro amigas estão separadas vivendo o cotidiano normal das mulheres daquele século. Até que Susan, que está casada e mãe de dois filhos, percebe que existe um padrão por trás dos assassinatos de quatro mulheres. Depois de uma tentativa frustrada de mostrar a sua teoria para os policiais, ela busca ajuda de suas amigas para que, juntas, elas possam resolver o caso.
E esse é o momento mais incrível da primeira temporada. É a partir disso que podemos ver como a inteligência e aptidão de cada uma se encaixam igual às peças de um quebra cabeça. Um trabalho que virou sinônimo de sororidade. A história flui tão bem que a gente se sente próximo e se identifica com a personalidade dessas mulheres. O que de fato me surpreendeu foi uma história de guerra, mas que o foco são as mulheres. Afinal, a maioria desses filmes mostra que a guerra é uma batalha de homens, não é mesmo?
No ano em que o empoderamento feminino foi assunto nas redes sociais, veículos de comunicação e temas de importantes redações, essa série ressalta a importância da igualdade de gênero, mesmo numa época em que usar meia-calça de seda e batom vermelho era sinônimo de libertinagem. E esse é o assunto que a série abordará na segunda temporada. Millie se envolve com contrabando de produtos do mercado negro (perfumes para mulheres – lembre-se que estamos no ano de 1943) e suas colegas usarão das suas aptidões para compreender todo esse universo. Além de uma nova personagem aparecer e incrementar um segredo ao longo da trama.
Coisas importantes para se destacar dessa série:
-Figurino impecável;
-Diálogos afiados e com argumentos sustentáveis;
-Fotografia nublada e chuvosa no maior clima londrino;
-E claro, muita, mas muita fumaça de cigarro!
Aqui vai o trailer da série sem legenda:
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