Me chamaram na escola! E agora?

Camila B. Voltolini – Pedagoga

A primeira vez em que fui chamada na escola, há doze anos, foi um misto de medo e preocupação. Na época, minha filha estava no 1º ano do ensino fundamental I e tinha recém começado naquele colégio.

Como tínhamos vindo de Espanha no ano anterior, pensei que fosse alguma dificuldade de alfabetização em língua portuguesa. Recordo-me de ter falado para minha filha que havia sido chamada pela professora e perguntei se eu deveria saber algo. Ela disse não saber do que se tratava. Fui a tal conversa sem ideia do que se tratava, levando, apenas, a minha tal ingenuidade. Então, no decorrer da conversa, percebi que estava redondamente enganada. A situação não era meramente a dificuldade em alfabetização na língua portuguesa.

Após esta primeira conversa, fui chamada algumas vezes ao longo da vida escolar de minha filha, sempre neste mesmo colégio. Sabem o que penso a respeito? Agradeço a cada vez que fui chamada e me questiono o porquê de não ter sido chamada nas outras escolas, especialmente, onde ela frequentou a pré-escola.

Antes de escolher ser professora, escolhi ser mãe. Antes de me formar pedagoga, fui chamada inúmeras vezes pelo colégio. Ou seja, desde cedo, percebi a importância em prestar atenção ao que escola relata e ao que o professor observa em sala de aula. Com minha experiência materna, aprendi que o professor dispensa seu tempo também com os pais e não somente com os alunos.

Hoje, atuando em escola, também dispenso meu tempo com os pais, não sendo raro sentir a necessidade de conversar com eles. Porém, confesso que em algumas destas conversas, sinto desconfiança, desprezo ou até mesmo desrespeito por parte destes, simplesmente porque foram chamados. Atualmente, o tempo é escasso para todos e acredito que a educação é a base para um mundo melhor. Nesta frase, coloco a palavra educação num sentido amplo, formal e informal. Ainda, entendo que quando um professor/coordenador sai da zona de conforto, gastando o próprio tempo em prol de um filho que não é seu, é muito importante que os pais deem a devida importância.

Muitas vezes o professor quer apenas entender melhor o aluno para tornar o processo ensino-aprendizagem mais eficiente e prazeroso para a criança. Outras vezes, o professor percebe alguma característica na criança que requer mais atenção por parte de todos e, como os pais são os guardiões da criança, cabe a eles buscar esta atenção. Acho válido comentar que essa característica que o professor observa no momento adequado, muitas vezes será notada pelos pais somente mais tarde, em função do contexto social ou de aprendizagem.

É sempre importante enfatizar que: “seu filho será aluno alguns meses ou até mesmo uns anos, porém, seu filho será seu filho a vida inteira”.  

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